Agência BrasilDestaque

Brasil viu aumento de 14 para 77 ações judiciais climáticas em 2023, aponta boletim de litigância climática da PUC Rio.

O número de ações judiciais climáticas no Brasil tem aumentado significativamente nos últimos anos, de acordo com o Boletim da Litigância Climática no Brasil 2023, elaborado com base em dados da Plataforma de Litigância Climática do Grupo de Pesquisa Direito, Ambiente e Justiça no Antropoceno (JUMA), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio). O relatório aponta que o Brasil viu um crescimento significativo, passando de 14 ações em 2018 para 70 em 2023, e já atingindo 77 casos até setembro deste ano. A plataforma, lançada em agosto do ano passado, reúne os casos litigiosos relacionados ao clima no país, e o próximo relatório será divulgado em 2024.

Segundo o Centro de Mudança do Clima da Columbia University, o Brasil seria o país com maior número de litígios climáticos no chamado Sul Global, que inclui os países em desenvolvimento da América Latina, Caribe, África e Ásia.

A coordenadora do JUMA da PUC Rio, professora Danielle de Andrade Moreira, destacou que a litigância climática é um fenômeno mundial que começou no início da década de 1990 em países do Norte Global, e se expandiu gradualmente para o Sul Global a partir da década de 2010. No Brasil, a litigância climática é mais recente, com a acumulação de casos a partir de 2013, e um crescimento expressivo a partir de 2018/2019 devido aos retrocessos do governo Bolsonaro nas questões climáticas.

A tendência de expansão da quantidade de ações climáticas no Brasil e no mundo é destacada no relatório, que aponta uma mudança de perfil nas ações, com uma maior participação da sociedade civil organizada. A coordenadora do JUMA também destacou a tendência de casos para reparação de danos climáticos, como desmatamento e emissões de gases de efeito estufa, além de situações onde se discute a responsabilidade do poluidor indireto.

O trabalho realizado pelo JUMA com financiamento do Instituto Clima e Sociedade (ICS) visa reunir os litígios climáticos brasileiros em uma plataforma única, com o objetivo de organizar e sistematizar as informações para a realização de estudos jurídicos. A expectativa é que os casos climáticos continuem a aumentar, impulsionados pelo aumento das ações de reparação de danos ambientais e pelo crescente interesse da sociedade civil na litigância climática. A próxima atualização do boletim em 2024 trará mais informações sobre a evolução desse cenário.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo