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Apoiadores da proposta constitucional recebem grande apoio financeiro, mas enfrentam interpretações divergentes após derrota nas urnas.



Resultado do plebiscito: Análise sobre o impacto da vitória da direita

No último plebiscito realizado no Chile, a proposta constitucional recebeu amplo apoio da direita do país. Desde o Partido Republicano de José Antonio Kast até a direita tradicional do Chile Vamos, grupos dissidentes da Democracia Cristã e a grande mídia mostraram favoritismo pela proposta.

O maior apoio veio das elites e dos patrões, principais beneficiários da proposta. Dados do Serviço Eleitoral indicaram que 98% das contribuições financeiras para as campanhas foram direcionadas para o voto “A Favor”.

No dia seguinte, interpretações sobre o resultado se espalharam pela mídia. O progressismo enxergou o voto como uma rejeição aos extremos, enquanto a direita interpretou como um apoio à Constituição atual, o status quo neoliberal. A presidente do Partido Socialista, Paulina Vodanovic, declarou que o Chile perdeu a oportunidade de ter uma boa constituição escrita na democracia.

Vodanovic atribuiu o fracasso à direita, especialmente ao Partido Republicano, afirmando que eles tentaram impor seus termos e o texto proposto era ruim. Para o ex-ministro do governo da Concertación, Francisco Vidal, o resultado pode ser interpretado como um triunfo das forças de esquerda e centro-esquerda, apesar do contexto de crescimento econômico zero e desemprego de 8,9%.

O economista e membro do Partido Socialista, Gonzalo Martner, também enxerga o resultado como um apoio às ideias progressistas, destacando a importância de realizar reformas na saúde, previdência, impostos e pensões. Além disso, expressou a necessidade de mobilização contra o bloqueio parlamentar e midiático da oposição.

Ao analisarmos o impacto do resultado do plebiscito, podemos observar que essa eleição pode ser interpretada como um apoio ao presidente Boric e uma rejeição à perda de direitos sociais e às posições mais conservadoras da direita. No entanto, a direita não demonstrou abertura para negociações, pedindo abertamente a manutenção de um bloqueio legislativo aos projetos do governo.

O presidente do Senado, Juan Antonio Coloma, está impondo a agenda do empresariado e das elites, priorizando questões de segurança e crescimento econômico, sem mencionar demandas por melhores pensões, saúde, educação e reforma tributária.

Essa vitória da direita representa um novo desafio para o governo de Boric, que até o momento não conseguiu levar adiante as reformas prometidas. Agora mais do que nunca, a mobilização popular e a ação do governo serão fundamentais para enfrentar os obstáculos impostos pela oposição.

(*) Paul Walder é jornalista e escritor chileno, graduado pela Universidade Autônoma de Barcelona, colaborador do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE).

(*) Tradução de Pedro Marin


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