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Relatório de Islamofobia no Brasil revela aumento da hostilidade contra muçulmanos após ataque organizado do Hamas

No dia 7 de outubro, um ataque organizado contra Israel pelo grupo Hamas deixou centenas de mortos, e a comunidade muçulmana temia que a culpa pelas vítimas pudesse recair sobre ela, aumentando a hostilidade. E foi exatamente isso que se confirmou na prática, de acordo com o Relatório de Islamofobia no Brasil da Universidade de São Paulo.

Realizado entre os dias 10 e 18 de novembro, o levantamento contou com a participação de 310 pessoas, sendo 125 homens, 182 mulheres e três pessoas que preferiram não se identificar quanto à sua identidade de gênero. Mais de um terço dos homens participantes da pesquisa (36,8%) afirmou que já existia muita intolerância antes do ataque, enquanto 47,2% disseram que havia pouca. Já entre as mulheres, 45,1% apontaram que já havia muita intolerância antes do ataque de outubro.

Além disso, a pesquisa também mostrou que a maioria das mulheres (92,3%) e 88% dos homens acreditam que a cobertura jornalística em torno do ataque de 7 de outubro contribuiu muito para a intolerância contra pessoas muçulmanas. A antropóloga e pesquisadora Francirosy Campos Barbosa, que coordena o Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes da USP, destacou que as mulheres são as maiores vítimas da islamofobia no Brasil e que a comunidade islâmica ainda não está coletivamente instrumentalizada para enfrentar agressões nas redes sociais.

Outro aspecto sensível identificado pela pesquisa foi o uso do lenço islâmico, que representa uma manifestação de devoção a Deus para as mulheres que seguem a tradição islâmica. Posterior ao ataque de outubro, pelo menos 26,4% das entrevistadas alteraram algo em suas roupas. Francirosy afirmou que o fato de as mulheres se sentirem forçadas a guardar o véu para tentar contornar as violências mostra que são “a ponta mais frágil” nesse contexto e, portanto, as miras favoritas dos autores das agressões.

Por fim, a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgaram um levantamento que indicou um aumento no número de denúncias de discriminação e violência contra judeus desde o 7 de outubro, registrando 467 denúncias em outubro deste ano, contra 44 referentes a outubro de 2022. No entanto, a apuração não levou em conta a distinção entre antissemitismo e antissionismo, tratando as críticas ao Estado de Israel como se fossem casos de discriminação contra a comunidade judaica.

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