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Kremlin confirma eleição certa de Putin para presidente e reconhece ausência de oposição real.




Reeleição de Putin é certa, diz Kremlin

Kremlin não esconde que reeleição é certa

O Kremlin dá como certa a reeleição do presidente Vladimir Putin. Ainda em outubro, o porta-voz Dmitry Peskov afirmou que o presidente russo não tinha concorrentes nas eleições presidenciais russas, e “nem poderia ter”. Antes disso, em agosto, Peskov chegou dizer que as eleições russas não são exatamente democráticas, prevendo uma vitória de mais de 90% para Putin.

“As nossas eleições presidenciais não são realmente democracia, são uma burocracia dispendiosa. Putin será reeleito no próximo ano com mais de 90% dos votos”, afirmou.

Posteriormente, Dmitry Peskov buscou esclarecer a declaração:

“Putin será eleito, estou pessoalmente confiante nisso, com base no nível de consolidação da sociedade em torno de Putin. […] As eleições, embora sejam uma exigência da democracia, e o próprio Putin tenha decidido realizá-las, mas teoricamente nem precisam ser realizadas. Porque já é óbvio que Putin será eleito. Esta é a minha opinião absolutamente pessoal”, afirmou.

‘Oposição sistêmica’

O prazo para a nomeação de candidatos se encerra no dia 1º de janeiro e a tendência é que os principais partidos políticos russos nomeiem postulantes favoráveis ao jogo do Kremlin. Abbas Gallyamov explica que estes candidatos nomeados pelos partidos compõem o que se entende como uma “oposição sistêmica”.

“Os candidatos oficiais serão convocados pelos representantes dos partidos políticos que estão representados no parlamento, o que nós chamamos de ‘oposição sistêmica”, eles vão representar o seu papel habitual, vão representar uma certa democracia, ou seja, vão mostrar que ‘as pessoas têm escolha’, que Putin não é nenhum usurpador das eleições, é como qualquer outro líder democrático, que as eleições têm opositores. Ou seja, eles vão buscar demonstrar que os cidadãos têm escolha”, explica.

Já o cientista político e diretor do “Grupo de Especialistas Políticos” da Rússia, Konstantin Kalachev, em recente entrevista ao portal russo Bfm.ru, também acredita que os partidos políticos serão representados nas eleições por “pessoas verificadas”, o que não deve gerar surpresas no processo eleitoral, mas o comparecimento nas urnas pode ser um indicador problemático. A votação não é obrigatória.

“Penso que não haverá surpresas, o principal problema desta campanha é o comparecimento. Mas a mobilização político-partidária e os apelos simplesmente patrióticos devem desempenhar um papel, e a votação de três dias deve se justificar”, acrescenta.

De acordo com Kalachev, “quem estiver a favor de Putin irá às urnas, quem for contra ficará em casa. Os candidatos dos partidos parlamentares serão votados pelo seu eleitorado nuclear.”

Em um artigo publicado no seu canal do Telegram, Kalachev destaca que a oposição sistêmica não representa uma alternativa e não luta pelo poder. “Os eleitores sentem um problema e já não estão particularmente dispostos a dar mandatos aos partidos da oposição. Qual é o objetivo? Para quê? O sistema partidário está evoluindo para um sistema de partido único e meio, onde há um partido no poder e uma metade combinada de partidos da ‘oposição'”, comenta.

A realização das eleições em meio à guerra na Ucrânia, no entanto, cria um dilema para o Kremlin. Para o cientista político Abbas Galyamov, a ausência de um candidato com uma visão diferente e crítica à campanha militar de Putin pode colocar em xeque a legitimidade das eleições. Segundo ele, o Kremlin pode adotar “uma jogada útil, mas muito arriscada, de permitir um candidato que seja contra a guerra”.

“Todos os candidatos dos partidos políticos oficiais são a favor da guerra, e como a principal questão da agenda política diz respeito à guerra, a ausência de um candidato contra a guerra no boletim eleitoral automaticamente tira o sentido dessas eleições, os eleitores podem perceber que é uma espécie de farsa”, argumenta.

O cientista político observa que as eleições são necessárias para fortalecer a legitimidade presidencial, e não para enfraquecê-la, por isso seria necessário permitir um candidato assim, “mas de uma forma que ele não causasse transtornos, ficasse sob controle, e em um último momento, ficasse com uns 2% e aos poucos se retirasse”.

“É claro que seria bom para o Kremlin se tivesse um candidato contra a guerra no boletim eleitoral, mas isso é muito arriscado, então acho que eles estão orientados para a minimização dos riscos. Acredito que eles vão abrir mão desse cenário e não haverá um candidato assim”, completa.


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