Guiana no punho
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, chamou a atenção durante um encontro ao exibir um bracelete com o mapa integral da Guiana, com a área em reclamação anexada. Ali demonstrou seriedade ao longo do evento, sem apresentar nenhum sorriso. Ele enfatizou a postura pacífica do país, afirmando que “somos um país pacífico. Não temos ambições a não ser conseguir a convivência pacífica com a Venezuela e com qualquer país da região”. Além disso, ressaltou a soberania do país que comanda, afirmando que “a Guiana tem todo o direito de exercer seu direito soberano dentro de seu status territorial e aprovar e facilitar qualquer investimento, sociedade, comércio, colaboração, cooperação e outorgar licença e permissão de qualquer concessão dentro de nosso espaço territorial e soberano”.
Por outro lado, ao chegar a São Vicente, Nicolás Maduro declarou que vinha “atender a um chamado do povo”. Ele estava acompanhado pela vice-presidente Delcy Rodríguez, pelo chanceler Yván Gil e pela primeira dama Cília Flores. No aeroporto onde aconteceu a reunião, Maduro ressaltou os esforços do “Caricom para conseguir que nossa América Latina e o Caribe continuem sendo uma área de paz”. Desde o último dia 3, quando foi realizado o referendo sobre o território em disputa, o governo venezuelano vem trabalhando sobre temas do Essequibo. Nesta terça-feira a vice-presidente Delcy Rodríguez instalou a Alta Comissão para a Defesa do Essequibo. Essa instância na qual serão feitas “consultas no país para consolidar o mandato manifestado pelo povo para a defesa do Essequibo”.
Riqueza compartilhada
Em uma coletiva com a imprensa internacional, o chanceler venezuelano Yván Gil declarou que a Venezuela estaria “disposta a buscar fórmulas de para o desenvolvimento compartilhado, que é uma das fórmulas que estaria presente na mesa (de diálogo)”. De acordo com analistas, esta seria a via mais rápida e pacífica para chegar a um acordo comum em torno do Essequibo. Dessa forma, a Guiana continuaria com a exploração dos recursos naturais e a Venezuela poderia obter benefícios econômicos provenientes da área em reclamação.
Importância do Brasil
O Brasil desempenha um papel fundamental para apaziguar dos ânimos na disputa pelo Essequibo, já que é o único país que faz fronteira com ambos os países envolvidos na disputa. Nas últimas semanas, o governo brasileiro enviou a Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela e com a Guiana, um grupamento de 130 militares. Espera-se que dentro de um mês chegue à região fronteiriça 28 blindados, que também estão disponíveis para uma eventual escalada no conflito. Além disso, São Vicente e Granadinas, um arquipélago do Caribe, foi escolhido como local para a reunião entre Guiana e Venezuela, após seu primeiro-ministro, Ralph Gonsalves, ter conversado por via telefônica com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.