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Flávio Dino e Paulo Gonet são sabatinados e aprovados no Senado
A cientista política lembrou que Dino se afina a posicionamentos no campo progressista, mas ressalta que é preciso esperar o que vem por aí. “Acho que é cedo para dizer se a presença de Dino significará mesmo decisões que contemplem questões de gênero e raça. Ele mostrou na sabatina, por exemplo, um deslocamento da posição de Rosa Weber, sua antecessora, quanto ao aborto. Se ele fosse votar nesse assunto, provavelmente teria uma posição diferente da dela”, afirmou a analista.
Flávio Dino foi sabatinado junto com Paulo Gonet, conhecido pelo perfil super conservador e religioso, que foi indicado por Lula, mesmo a contragosto de partidos como o PT, para chefiar o Ministério Público. Embora a inédita sessão conjunta tenha tido o objetivo de proteger Dino dos ataques, o resultado foi o contrário. O jogo de cintura de Dino camuflou o fraco desempenho de Gonet, que foi instado a falar, por exemplo, sobre casamento homoafetivo.
“Como jurista, não posso ser contra aquilo que é decidido por vossas excelências, dentro das competências de vossas excelências. Não posso ser contra o que decidiu o Supremo Tribunal Federal, guardião maior da Constituição”, afirmou Gonet, que tentou também explicar que não é contra cotas raciais e que frases suas do passada foram retiradas do contexto. Na sabatina, ele afirmou que políticas afirmativas são justificáveis, mas precisam de limites, como prazo para acabar.
A aprovação de Dino, por 47 votos a favor e 31 contra, foi uma vitória importante para Lula, até pela postura contundente do ex-ministro da Justiça contra adversários do governo. Porém, a aprovação de Gonet, por um placar bem mais elástico – 65 votos a favor e 11 contrários – ilustra também que o governo tem forte dependência de partidos conservadores no Congresso.
“A escolha de Gonet vai além do perfil, mostra claramente como Lula está refém de partidos no Congresso que têm erguido a bandeira conservadora. Fica claro que, sem eles, não há condições de governar, a própria indicação de Gonet fez parte do esforço para aprovar Dino”, afirmou Santana.
Deu o que falar
Ainda que seu forte seja a oratória, um dos momentos mais comentados da sabatina de Flávio Dino se deu com os microfones desligados e num momento de descontração com um dos maiores desafetos do atual governo.