Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 traz avanços globais, mas deixa a desejar na luta contra a crise climática.
Após uma maratona de negociações, a COP28 aprovou um acordo histórico para promover a transição energética, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. Pela primeira vez na história das conferências das Nações Unidas dedicadas ao clima, um documento final dos trabalhos reflete a transição dos combustíveis fósseis para fontes energéticas alternativas. Para a Fundação SOS Mata Atlântica, que participou da Conferência, o evento trouxe avanços importantes, mas ainda aquém do necessário para a garantia de um futuro climático seguro.
A porta-voz do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, concorda que o texto final ainda não é suficiente para conter o aquecimento global em 1,5 grau Celsius (°C), que é a meta recomendada por cientistas. No entanto, ela destaca que pela primeira vez os combustíveis fósseis foram colocados no centro do debate, algo inédito nas 27 conferências do clima anteriores.
Outro avanço citado pelos especialistas foi a criação do Fundo Climático de Perdas e Danos, que visa recuperar os estragos causados pela crise climática. A criação desse mecanismo foi determinada na última COP, no Egito, em 2022. O Fundo recebeu doações voluntárias de países como Japão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Alemanha que somam US$ 420 milhões. Ele ficará hospedado no Banco Mundial e será administrado por um conselho formado por 26 membros, sendo 12 de países desenvolvidos e 14 de países pobres ou emergentes.
Em relação à participação brasileira na conferência, especialistas destacam o protagonismo do país e a necessidade de adotar medidas internas para cumprir as metas definidas. A COP28 assinalou o retorno do Brasil a uma posição de destaque nas discussões socioambientais globais, com propostas inovadoras, como o mecanismo para a conservação de florestas sugerido pelo governo federal.
A partir do que foi acordado, os países terão até 2025 para apresentar os novos planos nacionais e cumprir as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). A NDC atualizada do Brasil em 2023 estabelece redução de emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação a 2005. O cumprimento dessas metas será um desafio que exigirá esforços e investimentos significativos.
Apesar dos avanços, a COP28 deixou a sensação de que ainda há muito a ser feito para conter as mudanças climáticas. A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será em 2024, no Azerbaijão, e em 2025, o Brasil sediará a COP30, que será realizada em Belém.