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Maior conferência sobre saúde mental em Brasília reúne 2 mil profissionais para discutir políticas de tratamento em liberdade.

Em Brasília, a 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental reúne cerca de 2 mil profissionais para discutir e formular propostas para a Política Nacional de Saúde Mental. O evento, que começou nesta segunda-feira (11) e segue até a quinta-feira (14), é marcado pela presença de especialistas e profissionais do ramo, que debaterão temas como internação compulsória, comunidades terapêuticas e o cuidado em liberdade, com garantia de direito à cidadania.

A importância da mudança de paradigma no tratamento de transtornos mentais é destacada pelos participantes. Segundo eles, os manicômios representam uma solução ineficaz para esses casos, enquanto a maioria defende o tratamento em liberdade como a melhor abordagem. A coordenadora adjunta da conferência e integrante dos conselhos Nacional de Saúde e Federal de Psicologia, Marisa Helena Alves, ressalta que os manicômios eram locais de punição, nos quais não havia cuidado nem respeito pelos direitos das pessoas. Por outro lado, o tratamento em liberdade busca acolher as pessoas com transtornos mentais, reconhecendo o potencial e a capacidade delas para trabalhar.

A qualidade de vida, moradia, empregabilidade e bem-estar social são elementos fundamentais para a saúde mental, de acordo com a psicóloga. Ela destaca que a reforma psiquiátrica no Brasil deve priorizar o cuidado em liberdade, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A intenção dos participantes da conferência é elaborar propostas concretas para a Política Nacional de Saúde Mental, considerando a necessidade de retomar e reorganizar essa política após anos de descaso e 13 anos sem conferência.

Entre os desafios a serem enfrentados, a melhoria dos atendimentos nas redes e centros de Atenção Psicossocial é destacada, juntamente com a necessidade de mais investimentos e a criação de serviços para atendimento local em situações de crise. Além disso, é ressaltada a importância de retirar os estigmas excludentes associados à loucura e garantir a liberdade e os direitos das pessoas com transtornos mentais.

A defesa do tratamento em liberdade também é reforçada por usuários do SUS. Helisleide Bomfim dos Santos, que iniciou o tratamento após uma depressão pós-parto, destaca a importância do autocuidado, do amor-próprio e da autoestima para a eficácia dos tratamentos. Ela enfatiza ainda a importância de políticas públicas voltadas tanto para os usuários do sistema como para os profissionais de saúde, que enfrentam uma rotina complicada e estão sujeitos a adoecimento mental.

A conferência, que representa um importante marco para a saúde mental no Brasil, busca proporcionar um ambiente de debate e reflexão sobre o tema, visando contribuir para a construção de uma política mais eficaz e inclusiva para o tratamento de transtornos mentais.

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