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Casa Neon Cunha luta para sobreviver e continuar acolhendo comunidade LGBTQIA+ diante de crise financeira e falta de apoio governamental.

A Casa Neon Cunha, localizada na rua da Defensoria Pública de São Bernardo do Campo, tem sido um refúgio para a comunidade LGBTQIA+ desde sua abertura em 2019. No entanto, atualmente enfrenta uma situação crítica devido à falta de recursos para cobrir os gastos mensais de R$ 50 mil, que incluem aluguel, folha de pagamento de funcionários e despesas básicas como alimentação, luz e água. A organização atende atualmente 25 pessoas e aproximadamente 15 pessoas por dia, oferecendo atendimentos psicossociais, assessoria jurídica e oficinas.

A situação financeira da Casa tornou-se mais apertada desde 2021, quando passou a abrigar pessoas da comunidade de forma permanente. Apesar de contar com parcerias pontuais de marcas e da recomendação da prefeitura da cidade como local de referência, a gestão municipal não manifestou interesse em firmar um contrato para assegurar recursos.

Segundo o presidente da organização, Paulo Araújo, a maioria dos residentes é negra e do Nordeste, com casos de pessoas que foram expulsas de casa por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A Casa Neon Cunha tem buscado levantar dados sobre o perfil da comunidade por meio de um censo, demonstrando comprometimento com a causa.

A situação da Casa Neon Cunha é crucial, uma vez que muitos dos moradores poderão ficar sem um teto caso a organização feche as portas. O mercado de trabalho se mostra pouco receptivo à comunidade LGBTQIA+, o que torna difícil para os moradores da Casa conseguir manter uma renda satisfatória.

Atualmente, a organização tem recorrido ao Instagram para fazer apelos e tentar emplacar rifas, enfatizando a dificuldade de gerar transformação social sem receber nenhuma ajuda fixa do governo, empresas ou outras organizações.

Apesar dos desafios, a Casa Neon Cunha tem atingido resultados significativos ao atender a comunidade, incluindo a realização de 18 mil refeições, 58 retificações de nome e gênero, além de formar 30 pessoas no projeto Trans-formação em parceria com a Organização das Nações Unidas.

Em relação às políticas públicas voltadas para a comunidade LGBTQIA+, o presidente da organização ressalta a necessidade de participação da comunidade no processo de discussão. Nesta semana, o governo federal anunciou a criação do Programa Nacional de Fortalecimento das Casas de Acolhimento LGBTQIA+, uma medida que visa atender pessoas com idade entre 18 e 65 anos em situação de abandono familiar.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania comprometeu-se a publicar critérios de adesão ao programa dentro de 120 dias e instaurar um comitê para acompanhar as ações desenvolvidas no Programa Acolher+ no mesmo prazo. A iniciativa pode representar um alívio para instituições como a Casa Neon Cunha, que enfrentam dificuldades financeiras para continuar prestando assistência à comunidade LGBTQIA+.

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