Alesp discute projeto de privatização da Sabesp e votação está prevista para quarta-feira

O projeto, que prevê a venda da maior parte das ações da empresa, mantendo o governo estadual com poder de veto em algumas decisões, gerou grande interesse e debates no cenário político. Segundo o governo, a privatização proporcionaria mais recursos para o setor, permitindo a antecipação das metas de universalização da oferta de água e esgoto, além de possibilitar a redução das tarifas cobradas pela empresa. A proposta também estabelece que 30% do valor arrecadado com a operação será destinado como investimentos em saneamento.
No entanto, o professor André Lucirton Costa, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, aponta que o modelo de privatização dificilmente levaria à redução dos valores cobrados, pois a tarifa teria um item a mais, que seria o pagamento pelo preço de compra da Sabesp, além dos custos de operação e o custo do retorno do investimento.
Apesar do possível aumento nos recursos para o setor, críticos da privatização, como José Everaldo Vanzo, engenheiro sanitarista e ex-diretor de operações da Sabesp, ressaltam que a empresa tem destinado consistentemente recursos à expansão dos serviços, e que a Sabesp, por ser pública, cobra preços mais baixos do que as empresas privadas de saneamento.
Outro aspecto levantado é a preocupação de que a privatização possa prejudicar os investimentos em áreas remotas e pouco populosas, devido ao foco no lucro por parte dos investidores privados. Além disso, estudos revelam que processos de reestatização de empresas de saneamento têm sido observados em diversos países, devido ao aumento dos preços, necessidade de investimentos de pouco retorno financeiro e dificuldades em levar infraestrutura a áreas de menor interesse econômico.
Dessa forma, as discussões sobre a privatização da Sabesp na Alesp refletem um debate complexo e polêmico sobre o futuro dos serviços públicos de saneamento, envolvendo questões sobre eficiência, acesso universal e impactos socioeconômicos, o que evidencia a importância e complexidade desse tema para a sociedade e o estado de São Paulo.