Mestre da intelectualidade quilombola, Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, falece aos 64 anos no Piauí.
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Nascido em 1959, Nêgo Bispo cresceu no Vale do Rio Berlengas, no Piauí, e era o primeiro membro de sua família a ser alfabetizado. Apesar de só ter completado o ensino fundamental, Bispo era considerado um dos maiores intelectuais quilombolas do Brasil. Ao longo de sua vida, publicou dois livros – “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015), oferecendo uma perspectiva inovadora sobre a história e importância das comunidades quilombolas.
Para além de seus trabalhos como escritor, Nêgo Bispo atuou ativamente em organizações que defendem os direitos das comunidades quilombolas, incluindo a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). A Conaq, inclusive, emitiu uma nota lamentando a morte do ativista, destacando a importância de seu legado para as gerações futuras.
Além das organizações quilombolas, autoridades federais também prestaram suas condolências à família de Nêgo Bispo. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foram alguns dos políticos que ressaltaram a importância do legado de Bispo para a cultura nacional. O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também destacou o impacto do pensamento de Bispo para o contexto atual.
A morte de Nêgo Bispo também foi sentida por outros movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que enfatizou a importância de seu trabalho em prol das comunidades quilombolas. Com sua partida, o Brasil perde não apenas um intelectual e ativista, mas um defensor incansável da cultura e história dessas comunidades tradicionais, deixando um legado inestimável para as gerações futuras.