Especialistas analisam possibilidade de conflito armado entre Venezuela e Guiana devido à redefinição de fronteira em referendo.
Com o referendo deste domingo (3) sobre a redefinição da fronteira entre Venezuela e Guiana, crescem as preocupações e especulações sobre um possível conflito armado entre os países vizinhos. Especialistas ouvidos por veículos de comunicação concordam que a situação é delicada e merece atenção.
O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Williams Gonçalves, acredita que a guerra é uma possibilidade real e que poderia envolver grandes potências estrangeiras. Ele destaca que o conflito não se resume a uma disputa por território, mas sim pela riqueza de petróleo presente na área. Gonçalves também aponta que o presidente Nicolás Maduro está buscando fortalecer sua posição política interna, visando as eleições de 2024, e que a crise com a Guiana pode servir a esse propósito.
Enquanto a Guiana sempre foi um país pobre, nos últimos anos tem vivenciado um boom econômico devido à descoberta de reservas de petróleo e gás natural. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Guiana teve o maior crescimento econômico do mundo em 2022, com um avanço de 62,3% no Produto Interno Bruto (PIB).
Mariana Kalil, professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), acredita que a postura da Venezuela em relação à Guiana tem a ver com interesses políticos internos e a tentativa de salvar o regime bolivariano. Ela considera improvável que uma ofensiva militar ocorra, mas ressalta que o presidente Maduro é um ator imprevisível, o que poderia mudar a situação.
O Brasil, em meio a esse cenário de crise, é apontado como um possível mediador na região. Tanto Mariana Kalil quanto William Gonçalves concordam que o Brasil tem um papel importante a desempenhar para evitar a escalada do conflito, devido à sua credibilidade com o regime bolivariano e sua postura cooperativa e multilateral. O Ministério da Defesa brasileiro afirmou que tem acompanhado a situação e intensificado as ações na fronteira com a Guiana, enquanto o Ministério das Relações Exteriores defende que Venezuela e Guiana busquem uma solução pacífica para a controvérsia.
Em resumo, a questão da fronteira entre Venezuela e Guiana é um assunto delicado que envolve interesses políticos e econômicos de diversas potências. A atuação do Brasil e de outros países da região pode ser crucial para evitar um desfecho desastroso e promover uma solução pacífica para o conflito.
