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Entrevista com Iván Schuliaquer: Amor às ruas e a política no segundo progressismo latino-americano






Entrevista com Álvaro García Linera

Entrevista com García Linera

Atualmente, a América Latina tem, em sua maioria, governos de centro-esquerda ou de esquerda. A lista inclui países que não faziam parte da primeira onda no início do século, como o México e a Colômbia. Entretanto, essa segunda onda parece estar muito longe de gerar uma hegemonia semelhante à que a esquerda tinha há uma década. Por quê?

Para entender melhor a situação, entrevistamos Álvaro García Linera, ex-vice-presidente da Bolívia, que analisou as causas e características dessa segunda onda progressista na América Latina. Segundo Linera, a primeira onda foi intensa e esperançosa, de grandes reformas, e foi amplamente sustentada pela existência de grandes mobilizações sociais. Já a segunda onda, que teve início a partir de 2018 e 2019, parece estar mais cansada para a batalha, enfrentando uma direita mais articulada e reorganizada após derrotas anteriores.

Linera ressalta que a falta de mobilização popular é um dos motivos que enfraquece a segunda onda progressista, tornando-a mais fraca e menos densa. Enquanto a primeira onda era marcada pela busca por transformações profundas e uma postura mais rupturista, a segunda onda é vista como mais administrativa, menos transformadora e mais apaziguada.

O ex-vice-presidente boliviano aponta ainda que a direita atua de forma agressiva diante do enfraquecimento do progressismo, aproveitando-se de seus erros e falhas. Linera acredita que, em um momento de transição estrutural global, em que se busca por modelos econômicos alternativos, a América Latina está no meio de um vórtice de rearranjo global, sem saber ao certo qual será o novo modelo de acumulação.

O que fica evidente é que a segunda onda progressista na América Latina enfrenta desafios significativos e parece ter características temporárias e frágeis. Linera aponta que, para que haja estabilidade política e econômica no longo prazo, será necessário encontrar um novo modelo de acumulação que gera crescimento, distribuição de riqueza e legitimidade política em escala global.

Em um momento de incerteza, em que o destino econômico e político ainda está sendo definido, a entrevista com Álvaro García Linera nos traz reflexões importantes sobre os rumos do progressismo na América Latina e os desafios que ele enfrenta em um contexto de transição global.


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