Lideranças Guarani Kaiowá denunciam agressão a documentaristas não indígenas e cobram proteção em encontro no Mato Grosso do Sul.

Durante os debates, que abordam os muitos casos de violências praticados contra indígenas, dois documentaristas não indígenas, que participaram do encontro e preparam um filme sobre a situação dos guarani, sentiram na pele a violência que, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), há muito assola os povos indígenas da região.
O evento foi organizado pela Aty Guasu e resultou em um documento com demandas que serão apresentadas às autoridades. Nesta edição, as principais reivindicações estão voltadas à homologação de terras e demarcações.
Sally Ñhandeva, comunicadora da Aty Guasu e também integrante da Apib, explicou que a assembleia tem o objetivo de debater o que falta nas aldeias e usar o documento resultante do encontro para pressionar as autoridades em relação à demarcação de terras.
Os documentaristas não indígenas, Renaud Philippe e Ana Carolina Mira Porto, estão preparando um fotodocumentário sobre a luta kaiowá e guarani pela demarcação das terras e sobre a realidade de acampamentos, territórios e retomadas. Após participarem da assembleia da Aty Guasu, decidiram ir até uma aldeia de Iguatemi onde pretendiam filmar, após terem ouvido relatos de que dois indígenas haviam desaparecido.
Durante o deslocamento para a aldeia, os documentaristas foram abordados por uma equipe do Departamento de Operações de Fronteira, da Polícia Militar (PM). Mais tarde, ao retornarem da aldeia, encontraram uma barreira de carros bloqueando a estrada. Impedidos de prosseguir, os três relatam terem sido ameaçados de morte e sofrido agressões físicas.
O caso está sendo acompanhado pelas defensorias públicas da União (DPU) e de Mato Grosso do Sul (DPE-MS), e a Polícia Federal ficou responsável pela investigação devido ao contexto de disputa de terras envolvendo comunidades indígenas.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que lamenta e repudia profundamente o ataque aos três profissionais que estavam produzindo um documentário sobre os povos da etnia guarani kaiowá e acionará outros órgãos do governo para garantir a segurança dos profissionais.
Em meio a esses acontecimentos, é importante ressaltar a necessidade de coibir a violência contra todas as pessoas e garantir a proteção das comunidades indígenas e de profissionais que buscam documentar a realidade desses povos. A crescente onda de intimidação e violência contra aqueles que buscam defender os direitos dos povos indígenas é preocupante e deve ser combatida de forma eficiente pelo governo e demais autoridades responsáveis.