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Organizações sociais cobram punição para agressão a jornalista e antropóloga em conflito indígena em Mato Grosso do Sul

Organizações sociais cobram punição às pessoas que, nos últimos dias, agrediram ao menos dois indígenas guarani kaiowá de Mato Grosso do Sul, o jornalista canadense Renaud Philippe, 39 anos, a antropóloga Ana Carolina Mira Porto, 38, e o engenheiro florestal Renato Farac Galata.

De acordo com informações divulgadas na tarde desta sexta-feira (24), dez entidades afirmam que as ocorrências são graves e evidenciam “a violência a que os povos indígenas vêm sendo submetidos em Mato Grosso do Sul”. Além disso, as organizações destacaram que as últimas denúncias também reforçam “os recorrentes relatos a respeito da conduta da Polícia Militar” no estado.

Os documentaristas Ana e Philippe, que estavam trabalhando no sudoeste de Mato Grosso do Sul, afirmam ter sido agredidos por um grupo de homens encapuzados e armados. Galata, que estava com o casal, os acompanhou durante o ataque. Posteriormente, foi registrado um boletim de ocorrência na Delegacia de Amambai.

De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), horas antes de Ana, Philippe e Galata serem agredidos, dois indígenas da comunidade de Terra Indígena Pyelito Kue/Mbaraka´y, em Iguatemi, haviam sido considerados desaparecidos. A dupla foi encontrada ferida, mas, por questões de segurança, seus nomes não foram divulgados.

As vítimas afirmaram que os agressores fizeram com que descessem do carro e os agrediram, além de roubar pertences pessoais. Foram levados passaportes, cartões bancários, um crachá de identificação de jornalista internacional, duas câmeras e lentes fotográficas, baterias, celulares, uma bolsa e outros objetos. As vítimas relataram que foram ameaçadas de morte caso não deixassem a região no mesmo dia.

Além das entidades que assinam a nota de solidariedade às vítimas, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou em Mato Grosso do Sul e reforçou a importância da demarcação das terras indígenas.

O caso de Ana, Philippe e Galata está sendo acompanhado pelas defensorias públicas da União (DPU) e de Mato Grosso do Sul (DPE-MS). A Polícia Federal assumiu a investigação do caso, já que as agressões ocorreram em contexto de disputa de terras envolvendo comunidades indígenas.

A embaixada do Canadá informou que está em contato com os indivíduos agredidos e prestando assistência consular. A Polícia Federal já realizou diligências nas localidades próximas ao local das agressões.

A necessidade de punição aos responsáveis pelas agressões foi reforçada pelas entidades que assinam a nota de solidariedade, que também destacaram a urgente demarcação e homologação dos territórios tradicionais guarani kaiowá como forma de superar a violência decorrente da disputa por terras.

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