Jornalista canadense e esposa agredidos por homens encapuzados enquanto documentavam conflito fundiário em Mato Grosso do Sul

O casal estava participando de uma assembleia do povo guarani kaiowá, a Aty Guasu, em uma área reivindicada como território tradicional indígena na cidade de Caarapó, localizada a cerca de 140 quilômetros de Iguatemi. Segundo relatos, após deixarem um morador da comunidade em uma aldeia de Iguatemi, Ana, Philippe e o engenheiro florestal Renato Farac Galata decidiram ir até a área urbana de Iguatemi para comer algo antes de começarem as filmagens.
No caminho, eles encontraram uma equipe do Departamento de Operações de Fronteira da Polícia Militar, que os abordou. Posteriormente, quando retornavam à aldeia, se depararam com uma barreira de carros bloqueando a estrada, com dezenas de homens encapuzados exibindo armas. O trio foi impedido de prosseguir e, ao tentar retornar, foi perseguido e agredido. Philippe alega ter recebido vários chutes nas costas e costelas, além de ter tido um pedaço de seu cabelo cortado com uma faca.
No boletim de ocorrência, consta que foram levados os passaportes de Ana e Philippe, cartões bancários, crachá de identificação de jornalista internacional, duas câmeras e lentes fotográficas, baterias, dois celulares, uma bolsa e outros objetos. Após a agressão, eles relataram ter sido ameaçados de morte caso não deixassem a região no mesmo dia.
Entidades indígenas alegam que a agressão faz parte do contexto de violência contra as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul, marcado pela disputa por terras entre indígenas e produtores rurais. No mesmo dia, dois indígenas foram sequestrados por desconhecidos em Iguatemi.
A Polícia Federal está investigando as denúncias e já realizou diligências nas localidades próximas à aldeia para onde as vítimas se dirigiam quando foram atacadas. A Polícia Militar, por sua vez, confirmou que uma equipe abordou Ana, Philippe e Galata antes das agressões, mas não recebeu nenhum pedido de apoio na região de Iguatemi.
A embaixada do Canadá confirmou que um cidadão canadense foi agredido no Mato Grosso do Sul e disse que funcionários consulares no Brasil estão em contato com os indivíduos e prestam assistência consular. A Defensoria Pública do estado está acompanhando o caso dos profissionais agredidos em uma área de retomada de terras, enquanto a Defensoria Pública da União encaminhou um ofício para a Delegacia de Amambai pedindo investigação das denúncias.