
Coalizão em Defesa da Democracia se manifesta contra indicação de Paulo Gonet para PGR
A Coalizão em Defesa da Democracia realizou uma extensa manifestação contra a indicação de Paulo Gonet para o cargo de procurador-geral da República, com o apoio dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre Moraes. Durante a manifestação, foram mencionados os “efeitos deletérios” e a atuação “omissa e deficitária” de Augusto Aras, ex-PGR.
Durante sua gestão como PGR, Aras não responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela condução da política sanitária federal na pandemia da Covid-19 e não interferiu na desastrosa gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. Coincidentemente, Pazuello é deputado federal (PL-RJ).
No dia 3 de fevereiro de 2020, Gonet, então diretor-geral da ESMPU (Escola Superior do Ministério Público da União), convidou Pazuello para o seminário virtual “O Ministério Público e o direito ao tratamento precoce: limites e possibilidades“, o qual contou com 16 mil inscritos.
Antes desse evento, Gilmar Mendes criticou a política de saúde do governo Bolsonaro, afirmando que “a Constituição não permite que o presidente adote políticas genocidas”, o que foi amplamente repercutido à época.
No referido seminário, Pazuello exaltou sua atuação no Ministério Público Militar, e foi saudado por Gonet como “nosso caríssimo ministro”. O diretor-geral da ESMPU definiu o evento como uma tentativa de integrar esforços do Ministério Público com os Poderes do Estado.
Entretanto, cinco subprocuradores-gerais pediram formalmente a Aras que recomendasse a Bolsonaro evitar manifestações contra a política do Ministério da Saúde no combate ao coronavírus. Aras arquivou o pedido, poupando Bolsonaro e criticando os procuradores.
Após a fala de Gilmar Mendes, a presidente da AJD (Associação Juízes para a Democracia), juíza do Trabalho Valdete Souto Severo, escreveu um artigo argumentando sobre a possibilidade de qualificar a política do governo como “genocida”.
Valdete destacou que o Ministério da Saúde, gerido à época por um militar, gastou menos de um terço dos R$ 39,3 bilhões liberados para o combate ao coronavírus. Além disso, Pazuello admitiu em uma audiência pública que apenas 27,2% do valor disponibilizado foi gasto.
Após deixar o Ministério da Saúde, Pazuello participou de um ato político ao lado de Bolsonaro, ambos sem máscaras anti-Covid, demonstrando uma postura que desrespeita as orientações de prevenção à pandemia.