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Antissemitismo cresce na Europa em meio ao conflito entre Israel e Hamas, com casos registrados em vários países e aumento de agressões.







Antissemitismo na Europa

Recentemente, diversas cidades da Europa, como Milão, Estrasburgo, Viena e Nuremberg, têm sido palco de atos de antissemitismo chocantes. O roubo de uma mezuzá em Milão, seguido da deixada de uma faca em seu lugar, a pichação com escritos ofensivos em uma creche em Estrasburgo, o incêndio e pichação de suásticas em um cemitério em Viena, e a inscrição de “assassinos de crianças” em um restaurante em Nuremberg são apenas alguns exemplos da onda de casos de hostilidade contra a comunidade judaica que assola a Europa desde o início de outubro.

Os acontecimentos ganham ainda mais peso diante do contexto de atentados terroristas do grupo islâmico Hamas em Israel, seguidos pela retaliação do governo israelense. Essa sequência de eventos deu origem a uma série de ataques físicos e verbais contra judeus na Europa, saindo do ambiente online e eclodindo nas ruas de diversas cidades do continente.

Os números dos relatos de crimes antissemitas são alarmantes. Na França, foram registradas 1.040 ocorrências em menos de um mês, resultando na prisão de 486 pessoas. Já na Alemanha, houve um aumento de 240% nos episódios contra judeus nos primeiros oito dias de conflito, totalizando 202 casos, de acordo com a ONG Rias, que monitora esse tipo de crime. No Reino Unido, o observatório CST registrou 1.324 casos durante os 40 primeiros dias de guerra, representando um aumento de 510%.

O presidente da Associação Judaica Europeia, Menachem Margolin, expressou sua preocupação com a situação, afirmando que a comunidade judaica está “aterrorizada” e que até ele mesmo recebeu ameaças de morte. Ele ressaltou que o problema do antissemitismo na Europa é, a longo prazo, também uma ameaça para o continente e pediu ações mais enérgicas por parte dos governos contra essa onda de ódio.

Apesar de os recentes episódios terem sido impulsionados pelo agravamento do conflito entre Israel e Palestina, a Europa já vinha lidando com um aumento gradativo de casos antissemitas nos últimos anos. Um relatório da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA) constatou uma tendência de alta de casos antissemitas em diversos países do continente desde 2012.

Mas o preconceito não se resume apenas ao antissemitismo. A FRA identificou subidas significativas de casos de islamofobia em períodos relacionados com grandes eventos mundiais, como a pandemia do coronavírus e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O Instituto para o Diálogo Estratégico, uma ONG de direitos humanos e contra o extremismo, também divulgou dados alarmantes, com um aumento de 4.963% de comentários antissemitas no YouTube após o ataque do Hamas e um aumento de 422% de linguagem anti-muçulmana no antigo Twitter.

Diante dessa realidade preocupante, os números ainda subestimam a verdadeira dimensão dos crimes de ódio na Europa. A própria Polícia Metropolitana de Londres reconheceu que a ausência de estatísticas sobre a islamofobia indica que crimes de ódio contra muçulmanos não estão sendo devidamente registrados, o que compromete o desenvolvimento de respostas políticas eficazes para enfrentar a situação.


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