Sob investigação por fraudes contábeis, Lojas Americanas acumulam prejuízo de R$ 19,1 bilhões em 2021 e 2022, o maior rombo anual da história da empresa.

O balanço de 2021, que originalmente apontava lucro de R$ 544 milhões, foi revisado. Já o balanço de 2022, adiado por quatro vezes, ainda não havia sido divulgado. A divulgação dos resultados é uma condição para que o plano de recuperação judicial possa ser votado pela assembleia de credores, sendo que a votação está prevista para ocorrer na terceira semana de dezembro.
As Lojas Americanas entraram em recuperação judicial em janeiro, com dívidas declaradas de R$ 49,5 bilhões, e uma semana antes do pedido de recuperação judicial, o então CEO da companhia pediu demissão ao descobrir “inconsistências contábeis” em torno de R$ 20 bilhões.
De acordo com assessores jurídicos envolvidos no plano de recuperação judicial, as gestões anteriores inflaram os lucros das Lojas Americanas em R$ 25,3 bilhões, referentes a vários anos, mas a empresa não informou por quantos anos perdurou a maquiagem contábil.
Os novos balanços enfrentam resistência, já que a firma de auditoria BDO, contratada em junho para auditar a contabilidade das Lojas Americanas, não aprovou os números. Os auditores informaram que não foi possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a opinião de auditoria sobre as demonstrações contábeis individuais e consolidadas.
Além disso, a BDO substituiu a PwC, responsável por auditar os balanços anteriores das Lojas Americanas.
Em fevereiro, a situação das Lojas Americanas já havia sido destacada pela Agência Brasil, que apontou a antecipação de vencimentos de contratos com fornecedores como possível causa do esquema de fraudes contábeis. Advogados envolvidos no caso destacaram falhas em bancos que descontavam duplicatas e em empresas de auditoria, pedindo mudanças na Lei de Recuperação Judicial para distinguir gestão fraudulenta de crise comum.
O futuro das Lojas Americanas é incerto diante do enorme prejuízo acumulado e das fraudes contábeis detectadas. As consequências dessa situação serão sentidas tanto pela empresa quanto pelos seus credores e colaboradores. A votação do plano de recuperação judicial será um momento crucial para o desfecho desse capítulo difícil na história da companhia.