
Diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas
A psicopedagoga Thayná Mattos Wittz compartilhou o momento em que sua mãe, Maria Cecília Mattos, ligou para ela em estado de confusão. “Filha, eu me perdi, não sei onde estou e qual caminho vou fazer. Eu parei aqui, mas não sei para onde vou agora”, disse Maria Cecília. A preocupação aumentou quando a mãe relatou que já tinha se encontrado e desligou o telefone, deixando Thayná sem saber o que fazer. Este episódio levou as duas a buscar ajuda para entender se o esquecimento poderia ser um sinal de demência ou doença neurodegenerativa.
O diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o mal de Parkinson, tem se tornado uma preocupação cada vez mais comum para pacientes e familiares. No caso de Maria Cecília, os exames neurológicos indicaram um possível diagnóstico de Alzheimer, o que gerou ansiedade para Thayná e sua família.
O neurologista Diogo Haddad, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ressalta a importância de um diagnóstico preciso: “O quanto um diagnóstico desse muda a vida não só do paciente, mas da família e de todo mundo ao redor?”. O médico destaca a evolução dos exames de imagem e de líquor, como o PET amilóide e a análise do líquido cefalorraquidiano, que têm se expandido nos últimos anos e auxiliado no diagnóstico precoce dessas doenças.
O PET amilóide permite a visualização do acúmulo de placas beta-amilóide no cérebro, associadas ao Alzheimer. Já a análise do líquido cefalorraquidiano busca por biomarcadores relacionados à doença, como a proteína tau. Segundo o neurologista Ivan Okamoto, esses exames costumam ajudar em casos de diagnóstico precoce e em situações de demência rapidamente progressiva.
Embora os avanços nos exames neurológicos sejam positivos, especialistas alertam que o diagnóstico vai além desses procedimentos. Okamoto ressalta a importância dos testes de cognição, que avaliam a capacidade de memória e raciocínio do paciente. Além disso, o diagnóstico do mal de Parkinson também se beneficia da evolução dos exames de imagem, como a ressonância magnética e a cintilografia, que auxiliam na detecção precoce e na precisão do diagnóstico.
O processo diagnóstico dessas doenças, porém, vai além dos exames de imagem ou líquor e, em geral, não é restrito apenas a esses procedimentos. É importante considerar outros aspectos clínicos e cognitivos do paciente para garantir um diagnóstico preciso e eficaz.