Falta de combustível ameaça serviços essenciais de hospitais em Gaza, alerta ONU

O Hospital Al Quds, localizado na cidade de Gaza, anunciou na última quarta-feira que teve que encerrar vários serviços essenciais de saúde devido à falta de combustível para gerar eletricidade. Segundo o Escritório para Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha), o hospital agora só tem energia suficiente para atender aos refugiados que se abrigam nas suas instalações.
Entre os serviços afetados estão as cirurgias, a enfermaria cirúrgica, a unidade de geração de oxigênio e a enfermaria de ressonância magnética. De acordo com o informe da ONU, o hospital precisou desligar o seu gerador principal e está utilizando um gerador menor para tentar reduzir o consumo de combustível.
Além do Hospital Al Quds, outro hospital em Gaza, o Al Awda, também está enfrentando problemas devido à escassez de combustível. De acordo com o Ocha, o estoque de combustível do Al Awda deve se esgotar em 30 horas. Esse hospital é o único prestador de serviços de maternidade no norte da Faixa de Gaza, e também oferece serviços de emergência e cirurgias especializadas.
A situação nos hospitais de Gaza tem se agravado desde o início das hostilidades, com 14 dos 35 hospitais com capacidade de internações já fechados e 71% de todas as instalações de cuidados primários encerradas devido aos bombardeios ou falta de combustível.
A falta de combustível também está impactando a saúde pública, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertando para o aumento da propagação de doenças devido à interrupção dos sistemas de saúde, água e saneamento. Desde outubro, mais de 33 mil casos de diarreia foram notificados, sendo mais da metade em crianças menores de cinco anos. Esses números representam um aumento significativo em comparação com os anos anteriores.
Além disso, a falta de combustível também levou ao encerramento das fábricas de dessalinização, aumentando o risco de infecções bacterianas, como a diarreia, que se espalham devido ao consumo de água contaminada. A falta de combustível também comprometeu a coleta de resíduos sólidos, criando um ambiente propício à proliferação de insetos e roedores que podem transportar e transmitir doenças.
A ajuda que entra pelo Egito atende apenas a uma pequena fração da sociedade palestina, com a água potável fornecida sendo suficiente para apenas 4% dos residentes de Gaza. Enquanto isso, o combustível desesperadamente necessário continua proibido pelas autoridades israelenses, o que agrava ainda mais a situação de crise nos hospitais e na saúde pública de Gaza.