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Apagão em São Paulo provoca polêmica sobre privatização da Sabesp e críticas à Enel por deputados estaduais.





O episódio do apagão em São Paulo que afetou mais de 2,1 milhões de pessoas e causou diversos prejuízos levou a uma série de debates na Assembleia Legislativa. Deputados estaduais utilizaram o ocorrido como argumentação contra a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que está em pauta na Assembleia Legislativa. Desde 2018, a distribuição de eletricidade na região metropolitana é de responsabilidade da empresa italiana Enel, que foi afetada por um temporal com ventos de mais de 100 km/h na última sexta-feira (3), comprometendo o fornecimento de energia.

Em meio a esse contexto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem buscado desvincular a crise do setor elétrico da discussão sobre a privatização da Sabesp. O deputado Emídio de Souza (PT) expressou sua preocupação com o ocorrido, afirmando que isso serve como alerta para o que pode vir a acontecer com o serviço de água e esgoto de São Paulo se a privatização da Sabesp for realizada. Ele ainda destacou que está tomando medidas judiciais para barrar esse processo.

Não apenas a esquerda tem criticado a privatização da Sabesp. Segundo o líder do partido na Alesp, Paulo Fiorilo, as concessões realizadas no estado têm gerado resultados ruins em diferentes setores, não apenas na distribuição de energia elétrica. O prejuízo causado pela Enel também foi discutido, assim como a diminuição do número de funcionários e o aumento do lucro da empresa nos últimos anos.

O impacto do apagão também foi sentido em diversos setores econômicos. Segundo a Fhoresp, a federação que representa hotéis, restaurantes e bares de São Paulo, o prejuízo estimado chega à casa dos R$ 500 milhões, afetando milhares de empresas. Diante desse cenário, até mesmo ex-integrantes do governo Bolsonaro, como o advogado Fabio Wajngarten, manifestaram-se contra a privatização da Sabesp, trazendo um debate que ultrapassa as fronteiras ideológicas.

O relator do projeto de privatização da Sabesp na Alesp, Barros Munhoz (PSDB), defende a desestatização e considera importante a criação de um fundo de apoio ao saneamento básico. Ele acredita que a privatização da Sabesp trará melhorias para o setor e contribuirá para a universalização do saneamento básico no estado. Apesar das críticas, o deputado Guto Zacarias (União Brasil), ativista do MBL (Movimento Brasil Livre), é a favor da privatização da Sabesp e acredita que a oposição usa o caso da Enel como um argumento para criar resistência à privatização.

Em entrevista à Folha, o presidente da Enel, Nicola Cotugno, se defendeu das críticas e afirmou que a empresa não deve desculpas, considerando o apagão como um evento excepcional. Diante de um cenário de grande repercussão e debates acalorados, o futuro da privatização da Sabesp permanece incerto, aguardando as decisões do governo e do legislativo.

Colaborou Thiago Bethônico


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