
Análise de 30 anos do mercado financeiro brasileiro
No dia 1º de julho, nossa moeda celebra 30 anos de existência. Ao longo dessas três décadas de estabilização e evolução do mercado financeiro, os investidores estão cada vez mais conscientes da importância de suas decisões para garantir o futuro de suas aposentadorias. Para embasar estas decisões, é natural olhar para o passado. Apesar de sabermos que o desempenho passado não garante retornos futuros, revisitar esses períodos nos ajuda a compreender como estas escolhas podem ser impactadas.
Compensou investir na Bolsa brasileira ao longo desses anos?
Embora o investimento em ações deva ser considerado a longo prazo, quem soube aproveitar os períodos de queda de juros obteve mais sucesso a curto prazo. Para quem manteve investimentos ao longo desses 30 anos, o desempenho do Ibovespa não se mostrou tão interessante em comparação ao CDI, a referência básica de renda fixa no Brasil, superando apenas a poupança.
O gráfico abaixo ilustra a evolução de um investimento inicial de R$ 10 mil nos três índices mencionados ao longo dos últimos 30 anos.
Investimento em títulos referenciados ao IPCA ou em dólar?
>É importante lembrar que títulos atrelados à inflação possuíam taxas de juros reais que eram mais do que o dobro das atuais antes do ano 2000. Portanto, não é adequado comparar as taxas de juros reais de hoje com as do CDI na primeira década do Plano Real.
Observa-se que o investimento em títulos referenciados ao IPCA teve um desempenho superior. Além de proporcionar retornos mais altos, esses ativos também apresentaram menos volatilidade do que aqueles referenciados ao dólar.
Investir no Ibovespa, no S&P500 com exposição ao dólar, ou no S&P500 “hedgeado”?
Antes de apresentar os resultados, é fundamental entender a diferença entre investir no S&P500 com exposição ao dólar e “hedgeado”. No primeiro caso, considera-se a variação do índice da Bolsa americana, acrescida da variação cambial. Já no segundo caso, o investimento é protegido contra a variação cambial, garantindo o retorno em reais.
Com esses dados, podemos extrair duas lições importantes. Primeiro, a renda fixa brasileira tem se mostrado altamente competitiva. Segundo, investimentos de maior risco, mesmo no mercado internacional, exigem cautela, dada a forte competição da renda fixa brasileira.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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