Líder do reino do Bailundo visita Pequena África e destaca ancestralidade africana no Brasil
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Ekuikui VI é o monarca do reino do Bailundo, localizado no Planalto Central da República de Angola. Ele exerce uma liderança respaldada em costumes tradicionais e sua visita ao Brasil teve um significado simbólico, especialmente por ser a primeira vez que ele vem ao país. A região visitada, onde fica o Cais do Valongo, é um marco histórico por ser o ponto de chegada de cerca de um milhão de africanos escravizados, a maioria vinda de Angola.
Durante a visita, Ekuikui VI fez questão de conversar com jornalistas em umbundu, a segunda língua mais falada em Angola. Ele também ressaltou que a viagem teve como objetivo cumprir um desejo de ancestrais, além de reforçar que os negros escravizados trazidos para o Brasil não eram apenas filhos de escravos, mas sim filhos de reis e rainhas da África.
Outro objetivo da visita foi constatar o que foi preservado de hábitos e costumes da África, especificamente de Angola e do reino do Bailundo. Ekuikui VI enfatizou que os africanos escravizados desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do Brasil, e ressaltou que o país foi o primeiro a reconhecer a independência angolana em 1975, após séculos de controle português.
A visita do monarca angolano também foi marcada por um encontro com o babalaô Ivanir dos Santos, um líder em assuntos relacionados à identidade e resistência da população negra. Santos destacou a importância da visita para a dignidade, resistência e comemoração da cultura africana no Brasil.
A região da Pequena África, incluindo o Cais do Valongo, o Cemitério dos Pretos Novos, e a Pedra do Sal, reúne pontos significativos da ancestralidade africana, e foi parte do roteiro da visita de Ekuikui VI ao Rio de Janeiro. Além disso, a visita incluiu outros locais importantes, como o Complexo de Favelas da Maré, na zona norte, e o Quilombo do Camorim, na zona oeste.
A passagem do líder do reino do Bailundo pelo Brasil foi promovida pela empresa de comunicação DiversaCom em parceria com o centro de estudos UNIperiferias. A visita teve como objetivo promover a troca cultural e fortalecer os laços entre as comunidades afrodescendentes do Brasil e da Angola.