Projeto prevê construção de memorial para a escritora Carolina Maria de Jesus em sua cidade natal, Sacramento, Minas Gerais
O intuito desse novo espaço é proporcionar um local mais adequado para o acervo da escritora. Atualmente, parte dos manuscritos de Carolina de Jesus está em um local que não possui condições apropriadas para sua preservação e acesso ao público. Vera Eunice ressaltou a importância de reunir todo o acervo da autora, incluindo fotos e manuscritos que estão em posse de famílias de pessoas envolvidas nos processos de edição e publicação.
Segundo a filha da escritora, o material está atualmente em um prédio antigo que costumava ser uma cadeia, e ela descreve o local como uma prisão. A intenção é disponibilizar esse acervo ao público, para que pessoas de diversas origens possam ter acesso ao legado de Carolina Maria de Jesus.
Parte do material já se encontra no Museu Afro Brasil, na capital paulista, e, segundo Vera Eunice, está bem conservado. No entanto, ela enfatiza que não deseja que os originais fiquem guardados em gavetas ou em sua casa, mas sim à disposição do público em um local apropriado.
Renomada por seu trabalho e sua trajetória, Carolina Maria de Jesus, nascida em 1914 e falecida em 1977, trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo, além de deixar manuscritos anotados em papel de pão. Seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada foi publicado em 1960, teve três edições e mais de 100 mil exemplares vendidos, sendo traduzido para 13 idiomas e vendido em mais de 40 países. A autora ainda publicou outros trabalhos, como o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios.
A filha da escritora, Vera Eunice, foi a palestrante da primeira mesa da I Feira Literária Afro-Brasileira Carolina Maria de Jesus, realizada no Museu Afro Brasil, localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo. O evento contou com a presença de outras figuras importantes, como o poeta e dramaturgo Cuti, o escritor Oswaldo de Camargo e a escritora Esmeralda Ribeiro, além de editoras independentes. A programação incluiu também contação de histórias e discotecagem na área externa do museu.
