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Ministério da Fazenda e BNDES concordam em estender prazo para pagamento de R$ 23 bilhões ao Tesouro Nacional até 2030.

Em uma reviravolta no plano de pagamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Ministério da Fazenda concordou em estender o prazo para que a instituição financeira devolva ao Tesouro Nacional os R$ 23 bilhões em recursos que ainda estão pendentes. Ao invés de realizar a transferência neste ano, o novo acordo prevê o pagamento em oito parcelas ao longo dos próximos nove anos, até 2030.

Essa mudança marca uma reversão nas políticas do governo de Jair Bolsonaro, que, liderado pelo ministro da Economia Paulo Guedes, havia acordado que o BNDES devolveria as últimas parcelas dos recursos emprestados à instituição durante os governos petistas até o próximo mês. No entanto, resistências da direção do banco e uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) exigiram uma negociação, resultando nessa prorrogação.

O acordo original estabelecido durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa agora de uma nova aprovação do TCU. O BNDES afirma estar construindo uma relação colaborativa de relacionamento com o tribunal. Durante os governos petistas, de 2008 a 2014, o banco recebeu aporte do governo federal ultrapassando os R$ 400 bilhões, viabilizando a política de campeões nacionais por meio do financiamento de grandes empresas.

No início deste ano, o TCU determinou a negociação de um cronograma de devolução, que tem sido marcado por idas e vindas tanto do Executivo quanto da diretoria do BNDES. Segundo o tribunal, os pagamentos antecipados devem ser feitos apenas mediante a preservação dos contratos de empréstimos concedidos e a observação dos requisitos mínimos de capital do banco. Até o momento, o BNDES já pagou ao Tesouro Nacional um total de R$ 693,17 bilhões, considerando os pagamentos regulares da dívida principal e juros.

Essa mudança ocorre em um momento em que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva busca intensificar o uso do BNDES como forma de impulsionar setores estratégicos para a economia. A diretoria do banco tem trabalhado para flexibilizar o uso da Taxa de Longo Prazo (TLP), criada em 2017 durante o governo de Michel Temer, para permitir empréstimos a taxas menores, semelhante aos governos anteriores do PT. No entanto, a medida seria direcionada apenas a segmentos estratégicos, com limites de valores estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional.

A devolução dos recursos ao Tesouro Nacional contribui para reduzir a dívida pública, mas não beneficia o resultado primário, que é responsável por eliminar as despesas com juros. Portanto, não alivia o déficit gerado por despesas como o Auxílio Brasil. Enquanto isso, o BNDES distribuiu nos últimos anos valores extras a seus funcionários e diretores, mesmo retendo os aportes do Tesouro. Esses benefícios médios chegaram a R$ 108,1 mil em 2021, correspondendo a três meses de salário de cada funcionário contemplado.

Em evento recente, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou os pontos positivos do banco público sob a nova gestão de Lula, citando o aumento nas aprovações de financiamento e o apoio às exportações de produtos industrializados. Mercadante ressaltou a transparência e os rigorosos critérios do BNDES, afirmando que a inadimplência do banco é de apenas 0,01%.

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