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De acordo com a International Alliance of Independent Publishers, a Feira do Livro de Frankfurt agiu de forma irônica ao silenciar as vozes palestinas. Em meio à grave crise humanitária que assola a Palestina, é fundamental dar voz aos oprimidos através de diversas formas de expressão, incluindo livros e literatura.
Diversas editoras internacionais, incluindo organizações da Indonésia, Índia, Tunísia, Síria e África do Sul, além de editoras brasileiras como Alameda, Boitempo, Boitatá, Nós, Relicário, Geração Editorial e Ayiné, assinaram um manifesto em repúdio à decisão da feira de cancelar a cerimônia de premiação de Adania Shibli.
Segundo Ivana Jinkings, fundadora e diretora da editora Boitempo, a atitude da Feira do Livro de Frankfurt representa um apoio à política de extermínio do Estado de Israel, silenciando as vozes palestinas. Para ela, é inaceitável que uma feira internacional tão importante censure uma autora palestina, compactuando com a política de Israel.
Adania Shibli, autora do romance “Minor Detail”, nasceu na Palestina em 1974 e atualmente vive entre Jerusalém e Berlim, na Alemanha. Além de escritora, ela é professora convidada de Literatura Mundial na Universidade de Berna, na Suíça, em 2021.
“Minor Detail” foi originalmente escrito em árabe e foi traduzido para inglês e alemão. A tradução em inglês foi indicada para o National Book Award em 2020 e para o International Booker Prize em 2021. O livro conta a história de uma garota palestina que foi estuprada e assassinada no deserto de Negev durante a Guerra Árabe-Israelense de 1948. A segunda parte do romance se passa décadas depois, quando um jornalista de Ramallah tenta entender o crime.
A obra dividiu opiniões, com parte da crítica elogiando e outra considerando que há “narrativas antissemitas” no romance. A capa do livro de Adania Shibli em alemão foi divulgada, evidenciando a importância e o impacto da obra.
O cancelamento da cerimônia de premiação de Adania Shibli pela Feira do Livro de Frankfurt gerou um debate sobre a liberdade de expressão e a visibilidade das vozes palestinas. A postura da feira em silenciar uma autora palestina é vista por muitos como uma omissão em relação à gravidade da crise humanitária enfrentada pelo povo palestino. Resta agora aguardar se a feira irá rever sua decisão e garantir a mesma visibilidade e respeito para todas as vozes que deveriam ter espaço em um evento tão importante para o mundo da literatura.