Brasileiros repatriados de Israel desembarcam com alívio e emoção no Rio de Janeiro
Dentre os passageiros, estava a pesquisadora Priscila Grimberg, que aguardava ansiosamente a chegada da filha, Maia, de 15 anos. A jovem havia passado dois meses em Tel Aviv para estudar. Priscila relatou que embora soubesse que Israel estava sujeito a ataques de foguetes lançados por países vizinhos, a situação dessa vez foi diferente. Ela descreveu as invasões, sequestros e assassinatos como eventos angustiantes que a deixaram extremamente preocupada.
O avião da FAB, um KC-30, pousou às 2h44 trazendo 207 brasileiros que haviam solicitado ajuda ao governo brasileiro para a repatriação, após os ataques do Hamas em Israel. Além dos passageiros, a aeronave também trouxe dois cachorros e dois gatos de estimação. Maia, filha de Priscila, foi a primeira a chegar no terminal de desembarque e, ao avistar a mãe, correu para um abraço emocionado, deixando as lágrimas rolarem.
Em entrevista, Maia expressou seu alívio por estar de volta ao colo da mãe: “É muito ruim estar lá e ouvir as coisas, as bombas, mas estar aqui no colo da mamãe é muito bom”. Ela descreveu os últimos dias em Israel como angustiantes, com a voz embargada.
A sensação de alívio da mãe se misturava com a solidariedade aos povos envolvidos no conflito. Priscila expressou desejos de luz tanto para o povo judeu quanto para o povo palestino, ambos sofrendo com a situação.
Outro repatriado, Thiago Giraldi, de 15 anos, chegou acompanhado pelo pai. Eles estavam em uma viagem de turismo quando o conflito começou. Embora estivessem numa região distante dos ataques do Hamas, eles sentiram a tensão aumentar devido à proximidade com o Líbano, país base do grupo Hezbollah, inimigo de Israel. Decidiram então antecipar a repatriação e embarcar no avião da FAB para retornar ao Brasil.
Ao ser recepcionado pelo avô, Thiago compartilhou seu sentimento de insegurança e medo: “Eu me senti inseguro lá. É amedrontador quando a sirene toca. Uma sensação pela qual eu não quero que ninguém passe”. Seu avô, José Lúcio Geraldi, manifestou sua gratidão por poder abraçar o neto novamente e expressou esperança de que outros avós possam experienciar o mesmo sentimento.
Os ataques do Hamas e a retaliação israelense, que resultaram em milhares de mortos, também afetaram as férias de Rafael Borsani, administrador de sistemas. Ele estava em uma cidade próxima a Tel Aviv quando os primeiros ataques ocorreram. Sua volta ao Brasil, marcada para o dia 21, teve que ser antecipada em uma semana. Apesar das tensões vividas, Rafael afirmou que, no final, deu tudo certo e ele ficou feliz por ter conseguido retornar.
O voo que chegou na madrugada deste sábado foi o quarto da Operação Voltando em Paz do governo federal, totalizando até o momento 701 brasileiros repatriados em voos da FAB. Mais um voo está previsto para decolar de Tel Aviv e chegar ao Brasil amanhã, por volta das 2h30. O Ministério de Relações Exteriores está avaliando a possibilidade de mais voos de repatriação saindo de Israel.
No entanto, a situação é mais complicada para os brasileiros que estão em Gaza, região alvo de ataques israelenses. O governo brasileiro está organizando um resgate para trazê-los de volta, porém, a logística é mais complexa devido ao envolvimento do Egito. O governo brasileiro contratou ônibus para transportar os brasileiros até a fronteira egípcia e está aguardando a liberação pela passagem de Rafah.
Até o momento, três brasileiros foram confirmados como mortos nos ataques do Hamas em Israel. O governo brasileiro reitera seu repúdio a todos os atos de violência contra a população civil e disponibiliza contatos das embaixadas e do plantão em Brasília para auxílio aos brasileiros em situação de emergência.
Em meio a esse cenário de conflito e tensão, a Operação Voltando em Paz tem sido fundamental para garantir o retorno seguro dos brasileiros. Essa iniciativa do governo brasileiro demonstra seu comprometimento com a proteção e assistência aos cidadãos brasileiros em momentos de crise como esse.
