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As discrepâncias no combate à seca: o contraste entre áreas abastadas e preteridas por emendas parlamentares no Nordeste

Discrepâncias na distribuição de equipamentos contra a seca no Nordeste são reveladas por série de reportagens da Folha

A desigualdade entre regiões privilegiadas que possuem equipamentos de combate à seca e outras negligenciadas devido ao avanço de emendas parlamentares é o tema central de uma série de reportagens recentemente publicadas pela Folha. Para produzir essas matérias, a equipe percorreu cinco estados do Nordeste em busca de mostrar as disparidades existentes nessa questão crucial para a região.

A divulgação dessas informações ganhou destaque em um minidocumentário lançado pela TV Folha, que destacou como em áreas pouco influenciadas por emendas parlamentares, as pessoas são obrigadas a caminhar por horas em busca de água, enquanto, em cidades onde poderosos políticos têm influência, os equipamentos de combate à seca ficam abandonados e se deteriorando em depósitos.

O mini-documentário e as reportagens publicadas até o momento evidenciam essas distorções em relação à distribuição de caixas-d’água, cisternas, poços e carros-pipa.

Ao analisar o processo de decisão da alocação desses equipamentos, fica evidente que o elemento central é a definição do destino das emendas parlamentares, que aumentaram significativamente nos últimos anos. O valor total de recursos destinados a emendas parlamentares saltou de R$13,9 bilhões em 2019 para R$26,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2023.

A falta de critérios e planejamento nesses gastos é acompanhada pela distribuição de cargos em estatais em troca de apoio político no Congresso. Um exemplo disso é a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), que foram entregues pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao centrão e se mantêm sob essa influência na gestão do presidente Lula, dentro da política conhecida como “tomá lá dá cá”.

A Codevasf, por exemplo, ainda é presidida por Marcelo Andrade Moreira Pinto, nomeado durante a gestão Bolsonaro com o aval do centrão. Desde então, não houve mudanças significativas na estatal, que funciona como uma espécie de atendente exclusiva para deputados e senadores.

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