
Os furtos de cabos de telecomunicação têm afetado não apenas as empresas, mas também mais de 7 milhões de pessoas em todo o território nacional, resultando em interrupções de serviços de telefonia, internet e TV por assinatura. Além do prejuízo imediato para as empresas, que têm que investir novamente para recuperar a rede, há também a perda de recursos que poderiam ser usados para levar conexão a outras localidades.
As ocorrências de furtos de cabos foram mais frequentes em São Paulo, onde foram registrados 664 km de fios furtados, representando um crescimento de 35% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em seguida, estão o Paraná, com perda de 591 km de fiação, e a Bahia, onde o crime teve um aumento de 188,5% em relação ao ano anterior, com 296 km de cabos furtados.
O principal motivo para o furto de cabos de telecomunicação é o valor comercial do cobre, um dos materiais utilizados nas fiações. Atualmente, o quilo do metal está cotado em aproximadamente R$ 40 na bolsa de metais de Londres.
Segundo o delegado Paulo Eduardo Pereira Barbosa, do Departamento Estadual de Investigações Criminais, a dinâmica dos furtos de fios de cobre tem mudado em São Paulo, com o envolvimento de funcionários das empresas de telecomunicações. O delegado afirma que os funcionários têm informações privilegiadas sobre onde estão os fios de maior valor comercial, facilitando a ação das quadrilhas.
Para combater essas ações criminosas, o Deic já prendeu 56 pessoas em flagrante pelo furto de fios de cobre desde fevereiro, sendo que 29 delas eram funcionários de empresas de telecomunicações ou terceirizados. Algumas quadrilhas chegam a usar carros da própria empresa para realizar os furtos.
Os furtos de cabos não afetam apenas os serviços de telecomunicações, mas também o trânsito e outros serviços públicos. A Companhia de Engenharia de Tráfego registrou 2.223 falhas em semáforos na cidade de São Paulo até abril devido a esses furtos. Além disso, serviços como transporte sobre trilhos, iluminação das ruas e distribuição de energia elétrica também são interrompidos devido aos furtos e roubos de fios.
Diante do aumento dessas estatísticas, a abertura de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo foi motivada. A legislação municipal dificulta a fiscalização de ferros-velhos, que estão entre os principais receptadores do metal. Está prevista a apresentação de duas proposições de alteração legislativa para controlar a abertura de novos ferros-velhos na região central da capital e suspender o alvará de funcionamento dos estabelecimentos que praticarem atividades ilícitas.
Diante desse cenário, as operadoras de telefonia reafirmam seu compromisso em colaborar com as autoridades para combater e prevenir o roubo e furto de cabos de telecomunicações. Além disso, a Prefeitura de São Paulo adota medidas para inibir as ações criminosas, como a elevação de controladores semafóricos e a substituição da fiação de cabos semafóricos de cobre por alumínio nos pontos mais frequentes de furtos. As subprefeituras também são responsáveis pela fiscalização dos ferros-velhos.