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Economista Nobel de 2019 fala sobre estratégias para combater pobreza e desigualdades

O economista norte-americano Michael Kremer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2019 por seu trabalho para aliviar a pobreza global, participou como convidado de honra da Conferência de Ministros da Agricultura das Américas em San José, na Costa Rica. Durante o encontro de três dias, os principais desafios enfrentados pelo setor foram discutidos, incluindo sustentabilidade, segurança alimentar, mudanças climáticas e agricultura familiar.

Durante sua estadia na Costa Rica, Kremer falou à Agência Brasil sobre estratégias para combater a pobreza e as desigualdades globais. O economista enfatizou a importância de dividir grandes problemas em partes menores e criar incentivos adequados, ao invés de apenas alocar mais recursos. Ele destacou a lacuna existente entre os incentivos comerciais existentes e as necessidades sociais nas áreas de mudanças climáticas, meio ambiente e adaptação dos pequenos produtores.

Kremer também ressaltou a importância de usar uma linguagem simples e acessível e evitar generalizações ao analisar a população de menor renda, a fim de compreender as verdadeiras causas da pobreza. Ele compartilhou um exemplo concreto de um projeto na Índia que visava fornecer informações sobre o solo aos agricultores, para que usassem fertilizantes adequadamente. No entanto, as primeiras tentativas de compartilhar essas informações técnicas com os agricultores foram mal-sucedidas, uma vez que apenas 6% deles conseguiam compreendê-las. Após adaptar o formato do material e incluir áudios e vídeos, a compreensão aumentou para 41% dos agricultores.

O economista também discutiu a aplicação desses princípios na área da educação e da saúde. Ele mencionou o uso de softwares de avaliação de desempenho personalizado para ajudar alunos com lacunas na aprendizagem e a criação de incentivos para empresas farmacêuticas trabalharem em questões sanitárias importantes, mesmo que não sejam lucrativas.

Ao abordar a agricultura, Kremer destacou a necessidade de criar incentivos adequados para que as empresas possam ajudar tanto fazendeiros donos de grandes terras como fazendeiros pobres, especialmente em relação às mudanças climáticas e às necessidades de adaptação.

Em relação ao Brasil, Kremer afirmou que está trabalhando em uma comissão para mudanças climáticas, segurança alimentar e agricultura. Ele mencionou a importância de melhorar o sistema de monitoramento do clima e a comunicação digital com os agricultores, e elogiou o país por sua expertise nessas áreas. Ele expressou a esperança de fortalecer as parcerias com o Brasil por meio de sua colaboração com os Emirados Árabes Unidos, que sediarão a COP28, e também por meio do G20 e da COP30.

Em resumo, Michael Kremer defende a importância de dividir grandes problemas em partes menores, utilizar uma linguagem simples e acessível, e criar incentivos adequados para combater a pobreza e as desigualdades globais. Ele compartilhou exemplos concretos de projetos bem-sucedidos e expressou o desejo de estreitar as parcerias com o Brasil em questões relacionadas ao clima, segurança alimentar e agricultura.

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