Representantes do varejo e da indústria pedem revisão de portaria que isenta compras internacionais e alertam para prejuízos à economia.

Os representantes do setor varejista e da indústria argumentam que essa isenção acaba desequilibrando a concorrência com as plataformas digitais e pode resultar em demissões e falências de empresas. Eles também enfatizam a necessidade de um tratamento tributário equivalente para as compras nacionais e as internacionais.
O deputado Zé Neto (PT-BA), que solicitou a discussão do tema na Comissão, demonstra preocupação com os efeitos que a isenção tributária pode ter sobre a economia brasileira. Ele afirma que, do jeito que está, o crescimento do e-commerce pode levar à perda de empregos e ao fim do comércio de varejo tradicional.
Zé Neto também ressalta que é importante que a revisão da portaria seja debatida em frentes parlamentares relacionadas ao empreendedorismo e à defesa do comércio e serviços. A intenção é discutir o assunto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Durante a audiência, o representante da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), Anderson Cardoso, defendeu um tratamento equilibrado entre as empresas estrangeiras e nacionais, levando em consideração a carga tributária mais pesada dos empreendimentos nacionais.
A gerente de comércio exterior e assuntos regulatórios da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Patrícia Pedrosa, também argumenta que a portaria distorce a competição no país. Ela cita como exemplo a queda de 9% na produção de vestuário neste ano, resultando no fechamento de quatro mil postos de trabalho.
Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), ressalta a importância da isonomia tributária. Segundo ele, para que a tributação fosse igualitária, os produtos estrangeiros deveriam pagar uma alíquota de 74,2% de imposto de importação. Ele alerta que a isenção tributária para as pequenas compras internacionais pode levar as empresas brasileiras a transferirem sua produção para países como Uruguai e Paraguai, que possuem uma carga tributária menor.
Diante disso, fica evidente que a revisão da Portaria 612 é uma questão urgente para o setor varejista e a indústria. É necessário buscar um equilíbrio na competição entre as empresas nacionais e internacionais, levando em consideração a carga tributária e as consequências econômicas para o país.