
Uma nova descoberta na paleogenética revela estrutura tridimensional de cromossomos em mamute lanoso fossilizado
Recentemente, uma pesquisa inovadora identificou a estrutura tridimensional dos cromossomos de um mamute lanoso fossilizado, datado de aproximadamente 52 mil anos atrás. Essa descoberta proporciona um entendimento mais aprofundado sobre o material genético desse animal e as diferenças que o distinguem de outras espécies vivas.
Realizada por Marcela Sandoval-Velasco, do Centro de Hologenômica Evolucionária da Universidade de Copenhagen, a pesquisa destaca a importância da análise de DNA em materiais fossilizados, conhecida como paleogenética. Segundo a pesquisadora, a visualização da estrutura 3D dos cromossomos antigos contribui significativamente para a compreensão da composição genética das espécies.
No entanto, um dos desafios enfrentados nesse tipo de estudo é a dificuldade de acessar as estruturas amplas do DNA, uma vez que apenas pequenas partes do código genético costumam ser preservadas ao longo do tempo. Em um artigo recentemente publicado na revista Cell, uma nova tecnologia foi proposta para superar essa limitação na investigação científica.
Os pesquisadores desenvolveram uma técnica chamada PaleoHi-C, uma variante do método Hi-C que se mostrou eficaz na análise da estrutura de amostras de DNA mesmo em materiais muito antigos. Essa abordagem foi aplicada a uma amostra de pele de um mamute congelado naturalmente na Sibéria há 52 mil anos e descongelado em 2018.
O estudo pioneiro conseguiu reconstruir a estrutura cromossômica do mamute após um longo período de tempo, graças à tecnologia PaleoHi-C. Os cientistas acreditam que a preservação desse material genético foi favorecida pela ocorrência do fenômeno da transição vítrea, um processo físico que impede a difusão das moléculas em um material.
Descobertas sobre o mamute
A análise da estrutura cromossômica do mamute permitiu extrair novas informações sobre essa espécie já extinta. Comparando os dados com informações de elefantes e outros mamíferos, os pesquisadores identificaram semelhanças e diferenças entre o mamute e o elefante-asiático, uma espécie ainda existente e próxima geneticamente.
Entre as descobertas, destacou-se o fato de ambos os animais possuírem 28 pares de cromossomos, enquanto os humanos têm 23. Além disso, observou-se padrões de ativação genética distintos no mamute, sugerindo adaptações específicas para um ambiente extremamente frio.
A pesquisa ressalta o sucesso da tecnologia PaleoHi-C e a importância de sua aplicação em estudos futuros. A pesquisadora Marcela Sandoval-Velasco expressa sua esperança de que novas amostras de diferentes contextos ao redor do mundo sejam analisadas, enriquecendo ainda mais o conhecimento sobre a evolução das espécies.