
No entanto, menos de um ano e meio depois, essa cena amigável se tornou uma lembrança distante. As relações entre Ciro, Cid e Camilo se deterioraram ao longo de 2022, rompendo a trajetória de décadas de lealdade e também o acordo de 16 anos entre PDT e PT no Ceará. Com a eleição municipal de 2024 se aproximando, o racha entre os partidos se aprofundou ainda mais.
No momento de descontração em abril de 2022, Camilo tinha acabado de renunciar ao cargo de governador para concorrer ao Senado. Ele tinha a intenção de repetir o arranjo político de 2018, quando foi reeleito sem apoiar Fernando Haddad, do PT, no primeiro turno. No entanto, Ciro discordou, argumentando que Izolda Cela deveria ganhar mais experiência política antes de se candidatar novamente. Além disso, Ciro expressou preocupações de que Izolda, por ser casada com um membro do PT, poderia trair o PDT e se aliar a Lula.
A disputa pela candidatura ao governo estadual se intensificou nos meses seguintes, com conflitos entre os líderes do PDT e do PT. O momento de descontração e harmonia entre Ciro, Cid e Camilo se transformou em crises nos bastidores. Camilo passou a elogiar Izolda, indicando seu apoio e preferência dentro do PDT, o que foi interpretado por Ciro como uma interferência inaceitável.
Ciro rompeu com seu irmão e declarou apoio a Roberto Cláudio como candidato do PDT. Enquanto isso, o PT indicava Elmano de Freitas como candidato ao governo. Essa divisão ficou evidente na convenção dos partidos, onde o PDT sepultou a aliança com o PT no estado.
Com o rompimento, Ciro sentiu-se traído não apenas por seu irmão, mas também por Camilo, que havia recebido seu apoio anteriormente. A relação entre os dois ficou ainda mais tensa quando Camilo se aliou a Eunício Oliveira, do MDB, na campanha de Lula. Cid, por sua vez, se afastou da campanha de Ciro e se envolveu ativamente na campanha de Lula.
Após a derrota de Ciro nas eleições presidenciais, Cid reapareceu no segundo turno, aprofundando ainda mais o descontentamento do irmão. Ele afirmou que não se manifestou no primeiro turno para evitar um racha no grupo político no Ceará, mas agora estava engajado na campanha de Lula.
O rompimento entre PT e PDT no Ceará é resultado de uma sequência de erros, falta de comunicação e disputas pessoais. As feridas dessa divisão ainda estão abertas, como evidenciado pelas declarações de Cid que evitam mencionar o nome de Ciro.
Enquanto Cid lidera um movimento para reatar a aliança com o PT no estado, Ciro enfrenta dificuldades dentro de seu próprio partido. Com o pior resultado de sua carreira política e brigas internas, Ciro se encontra enfraquecido.
O racha entre PT e PDT no Ceará não só afetou a relação entre Ciro e Cid, mas também teve consequências para a cena política estadual. É um exemplo dos desafios enfrentados pelos políticos quando a lealdade e os acordos políticos são postos à prova.