A importância da acessibilidade na comunicação para combater as desinformações prejudica pessoas com deficiência visual, auditiva, tátil e neurodiversidade

O professor doutor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Marco Bonito, abordou o assunto e ressaltou a dificuldade enfrentada por pessoas com deficiência na verificação de informações em sites de notícias. Ele citou o exemplo de uma pessoa cega, que não consegue acessar visualmente as informações, ou de uma pessoa surda, que não consegue checar informações em uma agência de checagem se ela só conhece a língua de sinais. O professor destacou que, apesar dos avanços em termos de acessibilidade, muitos conteúdos ainda não estão totalmente acessíveis.
Apesar de existir uma legislação, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que aborda a acessibilidade nos meios de comunicação, essa lei não é integralmente cumprida. Para Bonito, é preciso que os produtores de conteúdo encarem essa questão com mais seriedade, pois o não cumprimento dessa lei é um crime contra um direito humano à comunicação.
Ele também ressaltou a importância da audiodescrição de conteúdos para pessoas cegas e da interpretação em Libras para pessoas surdas. Enquanto a interpretação em Libras já é um pouco mais comum, a audiodescrição ainda é praticamente inexistente. Bonito atribui isso à falta de vontade política para exigir o cumprimento da lei, além de um lobby das grandes empresas de comunicação.
Outro ponto abordado no seminário foi a importância da educação midiática, especialmente em áreas onde há escassez de informação de qualidade. A professora Janine Bargas relatou a experiência de um jogo realizado por estudantes de jornalismo com alunos de uma escola de ensino médio em Rondon do Pará. O jogo tinha como objetivo fazer os alunos refletirem sobre o que leva uma notícia a ser verdadeira ou falsa.
Por fim, os ministros Gilmar Mendes e Edson Fachin destacaram a gravidade da disseminação de notícias falsas e a importância de combater esse problema. Eles ressaltaram que a realização do seminário no STF tinha um valor simbólico, especialmente porque o prédio da Corte foi alvo de ataques durante os atos de janeiro. Eles afirmaram que a força e resiliência dos três poderes da República foram demonstradas nos últimos meses durante a condução das investigações e na reconstrução do prédio.
Em resumo, o seminário destacou a necessidade de garantir a acessibilidade nos meios de comunicação para que pessoas com deficiência possam se proteger da desinformação. Além disso, ressaltou a importância da educação midiática para combater as notícias falsas. Os ministros do STF destacaram a gravidade desse problema e a importância de fortalecer as instituições democráticas.