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Museu do Ipiranga repensa a Independência do Brasil, trazendo pluralidade e controvérsias em suas obras

Há um ano, durante as celebrações do bicentenário da Independência do Brasil, o Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga, foi reinaugurado. Além de estar mais moderno e acessível, o museu também inovou ao trazer uma curadoria mais plural e crítica sobre suas obras. O objetivo foi repensar o processo histórico de construção do país, incluindo a própria independência.

Uma das exposições de longa duração que fazem parte do novo museu é a chamada “Uma História do Brasil”. Essa mostra percorre três espaços antigos do edifício-monumento, que foram tombados, e apresenta a decoração que foi projetada em 1922, para comemorar o centenário da independência. A ideia por trás dessa exposição é problematizar a ideia de uma história única e verdadeira, provocando uma reflexão sobre a construção histórica do país ao longo dos anos.

Mesmo com os monumentos controversos, como as estátuas de bandeirantes, sendo mantidos no espaço expositivo, eles passaram a ser encarados como documentos históricos, que informam sobre um modo de pensar da época. Além disso, ao lado dessas obras, foram acrescentadas novas visões, buscando trazer uma perspectiva mais diversa e crítica.

No entanto, a curadoria se deparou com desafios ao realizar esse trabalho, especialmente com obras que retratam personagens indígenas de forma submissa. A equipe discutiu se poderiam alterar ou trocar títulos e pinturas, mas optou por mantê-los como documentos históricos, para relembrar que essas narrativas foram socialmente aceitas por muito tempo. Essa decisão também permite que o debate sobre temas como a demarcação de terras indígenas e a preservação de monumentos públicos seja mantido.

Para problematizar a narrativa histórica, o museu utilizou recursos multimídia, como depoimentos gravados de líderes indígenas e de movimentos sociais. A ideia é trazer uma visão de fora sobre os temas abordados nas exposições e promover um espaço plural, que acolhe diferentes perspectivas.

Outro objetivo do novo Museu Paulista é dar visibilidade a grupos sociais que estiveram silenciados no processo histórico, como negros, indígenas e mulheres. A curadoria busca identificar as ausências nessas narrativas históricas e problematizar as representações presentes, questionando o que essas imagens trazem em termos de informação e objetivo.

A obra mais conhecida do Museu Paulista, “Independência ou Morte!”, de Pedro Américo, também foi restaurada e continua ocupando o espaço para o qual foi inicialmente pensada. No entanto, foram inseridos novos elementos no salão nobre, que permitem aos visitantes obter outras informações sobre a tela e perceber que ela é uma representação e não uma pretensa representação da realidade.

Assim, o Museu Paulista se reinventou ao promover uma curadoria mais crítica e plural, repensando a construção histórica do Brasil. Por meio de exposições como “Uma História do Brasil”, o museu busca provocar reflexões e manter o debate vivo sobre temas históricos e sociais importantes.

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