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Ministro do STF anula provas da Lava Jato obtidas em acordos de leniência da Odebrecht, atendendo pedido da defesa de Lula.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tomou uma decisão polêmica nesta terça-feira (6) ao invalidar todas as provas obtidas nos acordos de leniência da Odebrecht. Essas provas foram fundamentais para as investigações da Operação Lava Jato, que se tornou emblemática no combate à corrupção no Brasil, com mais de 70 fases.

O acordo de leniência, uma espécie de delação premiada, foi firmado em 2016 entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Odebrecht. No ano seguinte, o então juiz Sérgio Moro homologou o acordo. No entanto, Toffoli decidiu anular todos os documentos, impedindo que sejam utilizados em ações criminais, eleitorais, cíveis ou de improbidade administrativa.

Essa decisão atende ao pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que buscava ter acesso aos conteúdos desses acordos. Toffoli também determinou que a Polícia Federal apresente, em até dez dias, o conteúdo integral das mensagens apreendidas na Operação Spoofing, que revelaram diálogos entre procuradores da Lava Jato e Moro.

A constatação de “conluio” entre a acusação e o magistrado foi considerada “estarrecedora” pelo ministro do STF. Ele também determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) apure, com urgência, a conduta dos agentes públicos envolvidos na Lava Jato, devido à gravidade da situação.

A AGU já se pronunciou informando que cumprirá a ordem e que, após a devida apuração, poderá cobrar dos agentes públicos, por meio de ação regressiva, o ressarcimento à União referente às indenizações pagas. Além disso, será apurado se houve danos causados diretamente à União pelas condutas desses agentes.

Diante da gravidade da situação, o ministro Toffoli fez uma afirmação contundente, afirmando que a prisão de Lula poderia ser considerada um dos maiores erros judiciários da história do país. Segundo ele, tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquistar o Estado, utilizando métodos e ações ilegais.

Essa decisão de Toffoli tem gerado muita repercussão e divide opiniões. Enquanto alguns apoiam o ministro e veem nela uma oportunidade de questionar e revisar as ações da Lava Jato, outros argumentam que ela pode significar um retrocesso no combate à corrupção no país. Agora, resta aguardar os desdobramentos dessa decisão e como isso afetará os próximos passos das investigações.

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