O G20, grupo formado pelos principais países industrializados e emergentes, ganhou o formato atual como resposta à falta de representatividade do G8. O G8, que reúne apenas oito países, era responsável por discutir a ordem global, porém, devido à crise econômica de 2008, percebeu-se a necessidade de incluir na conversa outras nações importantes do ponto de vista econômico, principalmente os países periféricos.
Segundo o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Williams Gonçalves, a criação do Brics acabou tornando o G20 obsoleto. O Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, não é apenas um grupo de economias periféricas bem-sucedidas, mas sim uma força para questionar a ordem internacional e as regras que regem as relações internacionais.
Gonçalves ressalta que a mídia brasileira, em especial, tem dificuldade em compreender ou finge não entender o papel do Brics. Segundo ele, o Brics surge como uma tentativa de contestar a postura das potências que podem invadir países e desconsiderar as regras internacionais, sendo os Estados Unidos o principal líder dessa postura.
O pesquisador da UERJ afirma que o G20 está perdendo sua função, pois não é possível chegar a um consenso ou unanimidade em políticas relacionadas aos bens públicos internacionais, especialmente após a crise na Ucrânia e a guerra entre Rússia e Ucrânia. A criação do Brics acentuou ainda mais esse esvaziamento.
Para Gonçalves, a ordem internacional, que antes era liderada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, Japão e Canadá, está passando por uma transição. O novo ainda não se manifestou completamente, mas o antigo já não funciona mais da mesma maneira.
O mundo está vivendo uma fase de mudanças e é necessário acompanhar essas transformações. A criação do Brics e o enfraquecimento do G20 são exemplos de como a ordem internacional está se reconfigurando. Resta observar como as próximas décadas seguirão no cenário político e econômico global.
