Os países da CPLP buscam aumentar a colaboração econômica e empresarial visando fortalecer suas relações e impulsionar o crescimento.
Durante o período da presidência angolana, que ficará vigente até 2023, houve um aumento na cooperação econômica e empresarial dentro da comunidade, além de compreensão política e uma agenda social e cultural. O presidente Lula enfatizou que os países da CPLP possuem quase 300 milhões de consumidores, distribuídos em quatro continentes, e um PIB de US$ 2,3 trilhões. Ele ressaltou a importância de aproveitar as transições digital e ecológica para gerar oportunidades, evitar a concentração de renda e combater a desigualdade.
Durante o evento, os chefes de Estado e de governo aprovaram a reforma administrativa da CPLP, que consiste na criação da Diretoria de Assuntos Econômicos e Empresariais, com o intuito de ampliar parcerias nessas áreas. Lula destacou a necessidade de dinamizar as economias para garantir trabalho digno, salários justos e proteção aos trabalhadores. Ele também mencionou que, em setembro, anunciará junto ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um programa conjunto para a geração de emprego e trabalho decente.
O presidente Lula defendeu que a sustentabilidade seja trabalhada nas dimensões social, econômica e ambiental. Ele citou os resultados da Cúpula da Amazônia, realizada anteriormente em Belém, e reforçou que o enfrentamento às mudanças climáticas é um dos principais pilares da atual política externa brasileira. Lula enfatizou a importância de colocar as pessoas no centro das políticas públicas e criar soluções que recompensem de forma justa a preservação das florestas e da biodiversidade.
Lula ressaltou que os jovens enfrentam desafios complexos nos tempos atuais, com mudanças climáticas que ameaçam o futuro do planeta. Ele destacou a incerteza em relação ao mercado de trabalho, o desemprego, a precarização causada pelas novas tecnologias, a propagação de fake news pelas redes sociais e o culto ao individualismo, que enfraquece a ação coletiva. O presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, ressaltou a importância de refletir sobre a juventude e adotar medidas para combater problemas ambientais e gerar oportunidades.
Durante a presidência angolana, foi aprovado um acordo de mobilidade entre os países-membros da CPLP, facilitando a concessão de vistos e autorizações de residência, bem como a circulação de pessoas nos territórios. Lula afirmou que o Brasil vai regulamentar a emissão de vistos para a comunidade acadêmica, científica, cultural e empresarial.
O presidente brasileiro também destacou a cooperação entre os países-membros da CPLP na promoção da segurança alimentar e nutricional, desenvolvimento da agricultura familiar e programas de alimentação escolar. Ele reforçou o potencial do continente africano em se tornar uma potência agrícola e afirmou que o Brasil continuará a ser parceiro nessa empreitada.
A CPLP é composta por nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Além desses, o português também é língua oficial em Macau. Criada em 1996, a comunidade busca facilitar a integração e cooperação entre essas nações, tanto entre si quanto em instâncias internacionais.
O Brasil mantém relações diplomáticas com São Tomé e Príncipe desde que o país africano conquistou sua independência de Portugal em 1975. Durante a visita do presidente Lula, foram assinados dois novos instrumentos bilaterais de cooperação, um para facilitar investimentos mútuos e outro na área de formação e treinamento diplomático.
A participação do presidente Lula na conferência da CPLP encerrou sua viagem à África, que teve início na África do Sul, onde participou da Cúpula do Brics. Durante seus discursos, Lula defendeu uma maior cooperação entre os países em desenvolvimento do Sul global e ressaltou o interesse do Brasil em estreitar relações com o continente africano. A comitiva presidencial deve retornar a Brasília ainda neste domingo.
