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E se a morte fosse coisa do passado? Novas descobertas científicas apontam para um futuro onde viveremos para sempre.

O medo da morte é algo angustiante para muitas pessoas. Afinal, o que será de nós após o fim da vida? No entanto, o que aconteceria se a eternidade fosse uma realidade? Essa é a reflexão proposta pelo livro “Morte”, dos irmãos ilustradores Carlos Ruas e Guilherme Bon.

Quando soube do fechamento da Livraria Cultura, localizada na Avenida Paulista, fiquei aliviada por ter tido a oportunidade de levar minha filha de 18 meses ao espaço antes disso acontecer. A loja, que estava temporariamente transformada em um evento literário, ainda preservava a magia dos livros.

Foi durante essa visita que me deparei com a obra “Morte”, que despertou minha curiosidade imediatamente. A capa trazia uma ilustração típica da morte com sua foice, algo bastante literal e incomum. Ao folhear as páginas, me deparei com uma dedicatória que me tocou profundamente: “Para Zaya. Sua vida é sua. Gostaria de estar aqui para ver o que fará com ela”. Essa mensagem poderia ter sido escrita por mim para minha filha Beatriz.

Desde o nascimento de minha filha, minha relação com a morte foi abalada. Não se trata do medo comum de todas as mães, de preocupação com quem cuidará dos filhos caso elas morram. Tenho plena confiança de que minha filha estará bem cuidada. No entanto, o que me angustia é a possibilidade de não estar presente para testemunhar sua vida se desdobrar, seus sonhos se realizarem.

Decidi então que precisava conversar com os autores dessa obra tão singular. Carlos Ruas e Guilherme Bon gentilmente aceitaram meu convite para uma entrevista. “Morte” é um livro que transcende o tema da morte, abrangendo sentimentos e reflexões que muitas vezes não conseguimos expressar claramente. A história é envolvente, engraçada, leve e surpreendente ao mesmo tempo. Ela nos faz refletir sobre como seria viver sem a perspectiva da morte, o que faríamos com nosso tempo se ele não tivesse um fim.

Durante a entrevista, os autores compartilharam suas motivações por trás da criação da obra. Carlos Ruas enfatiza sua inclinação para questões existenciais, presentes em suas tirinhas do “Um Sábado Qualquer”. Já Guilherme Bon revelou que suas experiências pessoais com a morte foram fatores determinantes na composição do livro.

Ao abordar um assunto tão delicado como a morte, os autores optaram por trazer uma abordagem leve e divertida, sem minimizar a importância do tema. Eles acreditam que compartilhar angústias através do humor é uma forma de explorar essa temática de maneira mais acessível.

A religião também foi mencionada durante a conversa, uma vez que muitas pessoas buscam nas crenças religiosas respostas sobre o que acontece após a morte. Os autores concordam que o desejo de encontrar uma resposta definitiva é um dos principais apelos das religiões. No entanto, em um mundo sem morte, as religiões perderiam seu propósito.

“Morte” é uma obra que nos convida a refletir sobre a finitude da vida e o que realmente importa no tempo que temos. Não oferece respostas definitivas, mas promove uma comunhão entre os leitores, ao compartilhar a experiência de estar vivo e enfrentar a inevitabilidade da morte.

Ao término da entrevista, percebi que o livro “Morte” é uma bela e significativa obra que nos faz repensar nossa relação com a vida e a morte. E, no final das contas, talvez o medo da morte seja apenas um reflexo do nosso desejo de aproveitar plenamente a vida que temos.

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