Cientistas brasileiros não encontram gelo na região ártica, revelando impactos preocupantes das mudanças climáticas.
Uma equipe de pesquisadores brasileiros teve uma experiência inusitada durante a primeira expedição oficial ao Ártico. Ao invés de enfrentarem temperaturas extremas e gelo por toda parte, eles se depararam com condições amenas e até mesmo a possibilidade de usar camisas de manga curta ao ar livre. Essa mudança no clima é mais um sinal das transformações trazidas pela emergência climática na região ártica, em particular no arquipélago norueguês de Svalbard, onde a expedição ocorreu.
Os pesquisadores, provenientes da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Católica de Brasília, passaram nove dias em Svalbard, em julho deste ano. Durante esse período, puderam constatar que as condições climáticas estão se tornando cada vez mais comuns, de acordo com os moradores locais.
Muitas mudanças foram observadas em relação à última visita da equipe brasileira a Svalbard, em 2016. Naquela época, as montanhas estavam cobertas de gelo e os sapatos dos pesquisadores permaneciam molhados o tempo todo. Já este ano, o clima estava extremamente seco, sem nenhuma chuva, e as temperaturas chegavam a 10°C, mesmo a 1.280 km do polo Norte.
Apesar das condições incomuns, a equipe brasileira tinha objetivos definidos para a expedição. Além de investigar as conexões de longa distância entre a biodiversidade do Ártico e da Antártida, os pesquisadores também pretendiam coletar amostras de gelo para realizar análises de DNA dos organismos presentes nesse gelo. No entanto, o acesso às geleiras de Svalbard foi dificultado pelo recuo causado pelas temperaturas relativamente altas.
Apesar do contratempo, os pesquisadores estão planejando voltar em fevereiro, durante o fim do inverno ártico, quando as condições típicas são mais favoráveis. A geleira que eles desejavam alcançar está recuando cerca de dez metros por ano, o que destaca a importância de realizar pesquisas antes que seja tarde demais.
Além das mudanças climáticas, a equipe também se deparou com o aumento do turismo na região, o que traz consequências ambientais preocupantes. Navios de cruzeiro frequentemente levam milhares de turistas para Svalbard, o que pode afetar ainda mais o delicado ecossistema da região.