Cientistas defendem maior investimento em pesquisa e comunicação dos resultados na CMO para avanço científico.
Convidados defendem divulgação da pesquisa científica para garantir mais recursos
Convidados da Comissão Mista de Orçamento (CMO) participaram de uma audiência pública nesta sexta-feira (25) para discutir a importância da ciência para o país. Durante o encontro, eles defenderam a necessidade de divulgar melhor as realizações da pesquisa científica brasileira como forma de garantir mais recursos para o setor. Além disso, expressaram sua insatisfação com a decisão da Câmara dos Deputados de manter os limites fiscais anuais para o setor durante a votação do novo arcabouço fiscal.
O senador Izalci Lucas (PSDB-SP), que requereu a audiência, informou que pretende organizar a elaboração de um manifesto sobre a importância de mais recursos para a Ciência e Tecnologia.
O divulgador científico Átila Iamarino destacou durante sua participação que os cientistas acumulam pontos em suas carreiras quando pesquisam e divulgam suas pesquisas em revistas especializadas. No entanto, ele argumentou que esses cientistas não devem considerar uma “perda de tempo” buscar formas de divulgar suas pesquisas em linguagem acessível, como pela internet. Iamarino ressaltou a importância de um trabalho ativo de divulgação por parte dos cientistas, uma vez que essas plataformas não vão até eles em seus laboratórios perguntar sobre o que fazem.
Iamarino citou o exemplo da Nasa, que possui uma estratégia de comunicação com 200 milhões de seguidores em redes sociais. Ele enfatizou que, no Brasil, a desinformação sobre ciência é disseminada mais rapidamente nas redes.
A secretária do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Márcia Cristina Barbosa, concordou com a necessidade de popularizar a ciência como forma de aumentar o interesse dos jovens. De acordo com ela, o país está abaixo da Argentina e do Chile em número de pós-graduandos. Barbosa sugeriu que as pessoas acessem o site da Academia Brasileira de Ciências para assistir às animações sobre cientistas brasileiros em “Ciência Gera Desenvolvimento”.
Para a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, já é difícil garantir recursos para pesquisas científicas, quanto mais para divulgação. Ela criticou a decisão da Câmara dos Deputados de manter o setor nas restrições fiscais.
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, destacou a força do negacionismo no país. Ele citou como exemplo as mortes por Covid-19, que atingiram 3,5 brasileiros por mil habitantes, enquanto a média mundial foi de 1 por mil.
Paulo Roberto Gandolfi, diretor da 3M do Brasil, mencionou uma pesquisa da empresa que revela que 86% dos brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas e acreditam que a ciência pode minimizar os seus efeitos.
A diretora do Instituto de Estudos Avançados da USP, Roseli Lopes, citou o exemplo da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, que busca incentivar jovens e professores da educação básica na área da pesquisa científica. Em 21 anos, a feira já atraiu participantes de 1.300 cidades. Entre os temas de maior interesse estão recursos hídricos, agricultura sustentável e tratamento do lixo.