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Pesquisa revela que mulheres representam apenas 33% dos pós-graduandos em ciências exatas e tecnológicas, enfrentando desigualdade de financiamento.

As mulheres estão se destacando cada vez mais na área da pós-graduação no Brasil. De acordo com especialistas ouvidos em uma audiência pública conjunta das comissões de Defesa dos Direitos da Mulher e de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados, as mulheres são maioria entre os titulados na pós-graduação, estudantes de graduação e bolsistas de mestrado e de doutorado. No entanto, ainda existe uma grande disparidade de gênero por áreas de conhecimento e financiamento, além de dificuldades na ascensão das mulheres em suas respectivas carreiras.

Luana Bonone, Coordenadora-geral de Popularização da Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTCI), afirmou que essa disparidade de gênero por áreas reflete a divisão sexual tradicional do trabalho. Em áreas como ciências exatas e da terra, engenharias e computação, apenas cerca de um terço das bolsistas são mulheres. Já em áreas como linguística, letras, artes e saúde, as mulheres representam cerca de 66% dos bolsistas.

Para garantir a equidade nas carreiras científicas e tecnológicas, Luana Bonone defendeu a adoção de políticas públicas interministeriais e do Legislativo, com a participação do Judiciário e da sociedade civil. Ela citou algumas iniciativas do governo, como o programa Futuras Cientistas, que incentiva o contato de alunas e professoras da rede pública de ensino com as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Outra iniciativa mencionada foi o Programa Mulheres Inovadoras, que estimula startups lideradas por mulheres.

A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Mercedes Bustamante, ressaltou que as mulheres são maioria entre os professores nas áreas de saúde e linguagem, letras e artes, mas em muitos estados do Norte e Nordeste do Brasil, os índices de mulheres professoras são menores do que a média nacional. Ela também destacou que as mulheres representam 42% dos pesquisadores nos programas de pós-graduação, mas apenas 38% nos doutorados acadêmicos. Nas bolsas de produtividade do CNPq, apenas 7% eram negras e 1% eram indígenas.

É importante destacar que, embora as mulheres sejam maioria nas bolsas de pesquisa, os valores aprovados por projeto podem ser até 60% menores do que os concedidos aos homens. Dalila Oliveira, diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), apontou que as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, dominadas em sua maioria por homens, recebem recursos maiores do que as áreas de ciências humanas e sociais.

Diante desse cenário, é necessária a adoção de medidas, como a ampliação da licença maternidade para todas as pós-graduandas e a derrubada do decreto que proíbe a criação de novas creches nas universidades. Além disso, é preciso investigar as razões do adoecimento das mulheres na pós-graduação e combater o assédio sexual dentro das instituições de ensino.

Em resumo, embora as mulheres sejam maioria na pós-graduação no Brasil, ainda existem desigualdades de gênero por áreas de conhecimento e financiamento, além de dificuldades na ascensão profissional. Para garantir a equidade nas carreiras científicas e tecnológicas, são necessárias políticas públicas e ações que promovam a inclusão e valorização das mulheres nesses setores.

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