O estado de São Paulo registra aumento superior a 90% nos atendimentos relacionados à sinusite.

Aumento de casos de sinusite preocupa especialistas em São Paulo
Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo revelam um aumento significativo de casos de sinusite neste ano, em comparação com o ano passado.
No período de janeiro a junho, foram registradas 698 internações e 51.154 atendimentos ambulatoriais para tratamento de sinusite aguda e crônica nos serviços de saúde públicos e em unidades privadas conveniadas com o SUS (Sistema Único de Saúde). No mesmo período em 2021, foram registradas 615 internações e 26.124 atendimentos ambulatoriais.
Isso representa um crescimento de 13% no número de internações e 96% no número de atendimentos ambulatoriais relacionados à sinusite.
De acordo com o otorrinolaringologista Antonio Carlos Cedin, da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo), esse aumento pode estar relacionado às grandes variações de temperatura. Nas últimas semanas, tem sido comum uma variação diária de mais de 10°C.
Essas variações de temperatura afetam as condições fisiológicas do sistema respiratório, incluindo a produção de muco. Isso resulta no ressecamento das secreções e, consequentemente, dificulta a sua expulsão e causa acúmulo, explica o médico.
Esse acúmulo de secreção torna as pessoas mais suscetíveis a problemas como rinite e também aos poluentes presentes no ar, que aumentam nesta época do ano devido à redução das chuvas. Esses fatores contribuem para o aumento de casos de sinusite.
O médico Ricardo Dolci, membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, explica que a sinusite ocorre quando a inflamação afeta as mucosas dos seios da face, região formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. Dentre os sintomas comuns estão dor na face, dor de cabeça e presença de secreção nasal.
O tratamento inicial para a sinusite viral geralmente envolve lavagem nasal com soro fisiológico e uso de descongestionantes e analgésicos para aliviar os sintomas. Se a pessoa continua apresentando sintomas após dez dias, a sinusite é tratada como bacteriana. Nesses casos, a secreção pode apresentar aspecto de pus e odor forte e desagradável, informa Dolci.
O diagnóstico da sinusite é feito por um otorrinolaringologista, que realiza o exame clínico e verifica o histórico e a predisposição do paciente à doença. Em casos de sinusite bacteriana, é receitado antibiótico. No entanto, é preciso ter cuidado para não abusar do uso de antibióticos e tratar uma sinusite viral como bacteriana, alerta Cedin.
O uso indiscriminado de antibióticos pode favorecer o aumento da resistência bacteriana, o que preocupa Dolci. Quando o paciente não responde ao tratamento inicial com antibiótico, é realizado um exame com uma amostra de secreção para identificar a bactéria presente no organismo e determinar o tratamento mais adequado.
Além disso, se o paciente apresenta sintomas de sinusite com frequência mesmo após o tratamento, é classificado como um caso de sinusite de repetição. Já quando a obstrução nasal persiste por pelo menos 12 semanas e ocorre perda de olfato ou secreção na parte posterior da garganta, trata-se de uma sinusite crônica.
A sinusite bacteriana não tratada pode levar a complicações como problemas oculares e neurológicos, como prejuízo da visão, alteração da posição do globo ocular e até meningite. Para evitar essas complicações, é importante realizar o acompanhamento com otorrinolaringologista e seguir o tratamento recomendado, ressaltam os especialistas.
Como forma de prevenção, recomenda-se a lavagem do nariz com soro fisiológico, a ingestão de água para fluidificar as secreções, a lavagem das mãos e o uso de máscara em caso de sintomas respiratórios ou em contato com pessoas que apresentem esses sintomas.