Pesquisa pioneira no Cerrado de São Paulo mede carbono no solo, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
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O estudo faz parte de uma série de pesquisas realizadas em unidades de conservação estaduais há décadas. Desde 1987, em Assis, vem sendo monitorada a perda de biodiversidade e comprometimento dos serviços ambientais devido à supressão total do fogo por mais de 50 anos no Cerrado, que depende do fogo para sua conservação. Já em Águas de Santa Bárbara, onde ocorrem queimas experimentais controladas, a pesquisa busca definir as melhores práticas de manejo do fogo nesse bioma.
O que torna esse estudo inovador é a forma como é conduzido, utilizando equipamentos como um radar que detecta raízes grandes e profundas. Com base nos primeiros dados coletados, os pesquisadores já observaram que, sem fogo, o Cerrado perde diversidade de plantas e animais e tem a recarga hídrica reduzida. Além disso, as áreas não queimadas também apresentam menor proporção de carbono nas raízes e no solo, além de perderem espécies com maior proporção de raízes em relação à parte aérea.
Giselda Durigan, pesquisadora do IPA e coordenadora do estudo, destaca a singularidade da abordagem multidisciplinar dessas pesquisas. “É um experimento único no Brasil e no mundo”, afirma. Os estudos anteriores já incluíam a flora, fauna, propriedades do solo e hidrologia.
Os trabalhos de quantificação do carbono abaixo da superfície do solo foram iniciados em junho e vão até meados de agosto. Em 2024, está prevista uma nova expedição para dar continuidade à amostragem. A conclusão do estudo será realizada após essa fase, quando será possível demonstrar a quantidade de carbono estocada pelos diferentes tipos de vegetação do Cerrado paulista, desde um campo aberto até o cerradão.
O Cerrado é um bioma que abrange 13 estados brasileiros, ocupando uma área de 200 milhões de hectares. Deste total, 211 mil hectares estão localizados no estado de São Paulo, o que representa a savana mais rica em diversidade do mundo e o segundo maior bioma do país, ficando atrás apenas da Amazônia.
A pesquisa conduzida pelo IPA em parceria com cientistas estrangeiros é de extrema importância para o conhecimento e a preservação do Cerrado, fornecendo dados essenciais para direcionar políticas públicas de manejo e conservação desse bioma tão importante para o equilíbrio ambiental.