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Larissa Manoela ensina que é possível ter sucesso desde cedo, com talento, dedicação e uma postura positiva diante dos desafios.

Sabemos direitinho identificar as pessoas que nos fazem bem e aquelas que nos parecem “tóxicas”.

Porém, em muitos momentos da vida, nos deparamos com uma categoria mais difícil de distinguir: as pessoas híbridas. São aquelas que algumas vezes nos fazem bem e outras vezes mal, que às vezes são generosas e outras nos dão uma rasteira. São conhecidas como “frenemies”, o oxímoro de Friend com Enemy – amigo e inimigo ao mesmo tempo.

Na última semana, Larissa Manoela mostrou coragem ao abrir o jogo sobre sua história no programa Fantástico, transmitido para 1,5 milhões de televisões. No entanto, sua maior coragem foi compreender e identificar a relação ambígua que vivia com os pais, custando-lhe o valor de R$ 18 milhões.

A mistura de aspectos positivos e negativos em uma mesma pessoa é, na verdade, mais prejudicial do que uma pessoa puramente negativa. Muitas vezes, toleramos relações ambivalentes por tempo demais, mesmo sabendo que elas nos imobilizam em um misto de desesperança e otimismo. Somos enganados por autoilusões como “não é tão grave”, “um dia ele vai mudar” e “isso é normal”. E, consequentemente, acabamos adoecendo junto com a relação.

Pesquisas conduzidas pelos psicólogos Julianne Holt-Lunstad e Bert Uchino mostraram que relações ambivalentes podem ser mais prejudiciais à saúde do que relações puramente negativas. A ambivalência interrompe o sistema nervoso parassimpático e ativa uma resposta de luta ou fuga, deixando a pessoa em um estado de desconcerto e vulnerabilidade. É como esperar um abraço enquanto se prepara para uma briga.

Tenho a primeira lembrança desse tipo de relação desde muito tempo atrás. Éramos amigas desde a infância, compartilhávamos segredos e aventuras, éramos cúmplices uma da outra. Porém, já naquela época, os sinais de ambivalência começaram a aparecer: ela buscava um pacto de amizade eterna e exclusiva, se incomodava quando eu passava tempo com outras amigas e disputava minha atenção com meu namorado.

Quando terminei o namoro, essa amiga – que preferi não revelar o nome para resguardar sua identidade – me apoiou incondicionalmente. Era presente em todos os momentos, aguentava minhas dores, defendia-me e saía comigo. Porém, após três meses, repentinamente ela passou a me evitar. Descobri que ela estava namorando o ex-namorado que ela mesma chamava de “bunda-mole”. Até hoje, quando recebo mensagens dela em datas especiais, ainda sinto incômodo. Sinto saudades da amiga que ela às vezes era, mas também sinto repulsa pela amiga que ela não foi.

Outro exemplo foi um colega de trabalho muito inteligente que me ensinou bastante no início da minha carreira. No entanto, quando um dos colegas tinha um bom desempenho, ele sentia-se feliz e triste ao mesmo tempo: feliz pelo sucesso do escritório, mas triste por não ter sido ele o responsável. Embora ele contribuísse para enriquecer nosso trabalho, ele não suportava o sucesso que não fosse o dele. Anos depois, nos livramos dessa amizade disfuncional e até hoje me questiono como conseguimos tolerar essa situação por tanto tempo.

Embora nenhum relacionamento escape do risco de ser ambivalente em diferentes graus, é nos relacionamentos amorosos que essa mistura saudável e nociva se torna mais evidente. Críticas constantes, cobranças excessivas, silêncios prolongados e ciúme exagerado são algumas das formas de manipulação e controle em nome do “amor”. Quem já vivenciou essa situação sabe como a intermitência de pequenos abusos disfarçados de afeto, com momentos de plenitude, pode ser enlouquecedora.

Justamente por existir uma sutileza nessa mistura de sentimentos, as relações ambivalentes são as que mais nos pegam de surpresa. Portanto, é importante ficarmos alertas.

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