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Comunidade Internacional de Direitos Humanos (CIDH) denuncia e repudia o homicídio da figura feminina religiosa Mãe Bernadete.

No último dia 17, a liderança quilombola e mãe de santo Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, na Bahia. O crime foi condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que pediu ao Estado que investigue o ocorrido de forma imediata e diligente, levando em consideração as questões étnico-raciais e de gênero envolvidas.

De acordo com a entidade, o Estado deve sancionar os responsáveis materiais e intelectuais e levar em consideração o papel de defensora dos direitos das pessoas afrodescendentes que a ialorixá Bernadete desempenhava. Mãe Bernadete era integrante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e já foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho.

O assassinato ocorreu quando Mãe Bernadete estava em casa, assistindo televisão com dois netos e duas crianças. Ela foi morta a tiros em seu terreiro religioso, em um ato de violência chocante. A líder quilombola sempre denunciou as dificuldades e violências enfrentadas pelas comunidades quilombolas e já havia relatado em diversas ocasiões que estava sendo ameaçada de morte.

Desde 2017, Mãe Bernadete estava no programa de proteção de defensores de direitos humanos, pois seu filho, Binho do Quilombo, também havia sido assassinado a tiros. A situação demonstra a vulnerabilidade e o perigo que os defensores de direitos humanos enfrentam no Brasil, especialmente aqueles que lutam em prol das comunidades quilombolas.

Em entrevista à Agência Brasil, o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, afirmou que a Polícia Civil está investigando o caso com várias linhas de investigação. Ele também ressaltou que a atuação de Mãe Bernadete contrariava interesses de diversos poderes econômicos e que não é possível afirmar qual interesse ela havia contrariado. Segundo ele, a líder quilombola poderia estar incomodando pessoas e grupos envolvidos em organizações, grupos ligados ao tráfico de drogas ou econômicos com interesse na exploração do território.

A ONU também condenou o assassinato de Mãe Bernadete, enfatizando a importância de proteger os defensores de direitos humanos e garantir a justiça nesses casos. A morte da liderança quilombola evidencia a necessidade de uma resposta efetiva do Estado para combater a violência contra defensores de direitos humanos e promover a igualdade racial e étnica no país. É fundamental que as autoridades realizem uma investigação minuciosa e responsabilizem os culpados, garantindo que casos como esse não fiquem impunes e que a luta pelos direitos das comunidades quilombolas não seja silenciada.

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