Uma ação desastrosa que acaba prejudicando seriamente sua própria situação ou objetivo almejado.

Um exemplo disso é o caso de um escritor e professor de literatura que propôs um curso sobre uma poeta italiana pouco conhecida no Brasil. No entanto, o diretor de um centro cultural recusou a proposta, afirmando que um homem dar um curso sobre uma mulher não seria bem visto nos dias de hoje. Em vez de abrir espaço para uma discussão rica e enriquecedora, todos acabaram perdendo: homens, mulheres e a poeta italiana.
É inegável que cotas e políticas de inclusão são fundamentais para dar voz e oportunidades para aqueles que historicamente estiveram excluídos dos lugares de poder. No entanto, a ideia de que apenas pessoas pertencentes a determinado grupo podem falar sobre questões relacionadas a essa identidade é um retrocesso cultural.
Há também casos em que se acredita que, se os homens não devem falar sobre mulheres, tampouco devem falar sobre si mesmos. Isso foi evidenciado quando um produtor se recusou a produzir uma peça teatral sob a perspectiva de um homem branco, heterossexual e cisgênero. A qualidade de uma obra de arte não está associada à identidade de seu criador, e é importante analisá-la por seus méritos artísticos, independentemente das características pessoais do autor.
Além disso, é fundamental que haja espaço para obras que tratem da vivência masculina, especialmente no momento em que vivemos uma luta feminista, antirracista e pelos direitos LGBTQIA+. Compreender a perspectiva masculina também é importante para a evolução das pautas identitárias. É necessário mudar a forma como os homens se enxergam e se comportam para garantir um avanço significativo na busca por igualdade.
No entanto, é preciso ter cuidado para não cair na armadilha de achar que as minorias são incapazes de lutar por si mesmas. A luta identitária não deve se fragmentar e se isolar, mas sim se agregar e unir forças para alcançar mudanças significativas na sociedade.
Independentemente da origem das ideias, o que importa é se elas funcionam e contribuem para avançarmos rumo a uma sociedade mais justa e igualitária. Assim como os Estados Unidos não hesitariam em revidar se entrassem em guerra com a China, mesmo que os chineses tenham inventado a pólvora, devemos estar abertos a ouvir diferentes vozes e perspectivas na busca por um mundo mais inclusivo e igualitário.
(Fonte: Texto adaptado para fins de exercício.)