Especialistas clamam por intervenção antecipada na saúde mental em escolas como meio de prevenir episódios de violência.

Uma pesquisa realizada pela Unicamp revelou que, dos 33 ataques a escolas brasileiras ocorridos nos últimos 23 anos, 18 deles aconteceram em 2022 e 2023. A coordenadora da pesquisa, Telma Vinha, chamou a atenção para o perfil dos perpetradores desses crimes. Segundo ela, são adolescentes usuários de uma cultura extremista que se articulam em servidores e comunidades online que incentivam a violência. Anteriormente, essas articulações ocorriam principalmente na deepweb, mas atualmente estão mais presentes na superfície da internet, tanto em perfis abertos quanto em comunidades e servidores que requerem links para ingresso.
Emmanuel Cavalcanti, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) na audiência e psiquiatra, ressaltou a importância de as famílias estarem atentas aos primeiros sinais de que a saúde mental dos estudantes está em risco. Segundo ele, muitas vezes os riscos são relativizados nas primeiras manifestações, o que requer uma ênfase nas campanhas de saúde pública para uma intervenção imediata e prevenção do agravamento da doença.
Pedro Bicalho, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), cobrou o cumprimento da Lei 13.935/19, que estabelece a presença de profissionais de psicologia e serviço social na educação básica brasileira. Segundo Bicalho, passaram-se quatro anos desde a implementação da lei e apenas 85 dos 5 mil municípios brasileiros estão cumprindo-a.
O GT responsável pela política de combate à violência no ambiente escolar está visitando escolas que foram vítimas de ataques nos últimos anos. Para a relatora do grupo, deputada Luisa Canziani (PSD-PR), é necessário buscar soluções provenientes de diversas áreas para resolver essa questão e garantir um ambiente mais seguro para a comunidade escolar.
“Ao exercermos o espírito de liderança na escuta, podemos compreender os desafios e traumas e não oferecer apenas uma resposta, pois há várias respostas e saídas que precisamos encontrar e que envolvem diferentes áreas”, afirmou Canziani.
Essa audiência pública e as discussões realizadas são de extrema importância para promover medidas efetivas e preventivas no combate à violência nas escolas brasileiras. A saúde mental dos estudantes e a segurança no ambiente escolar devem ser prioridades, e é essencial que haja um trabalho conjunto envolvendo especialistas, famílias, escolas e as autoridades competentes para enfrentar esse problema.