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Especialistas clamam por intervenção antecipada na saúde mental em escolas como meio de prevenir episódios de violência.

Especialistas ouvidos pelo Grupo de Trabalho (GT) da Câmara dos Deputados sobre Política de Combate à Violência nas Escolas destacaram a importância de acompanhamento e intervenção precoces para garantir a saúde mental dos estudantes e a segurança no ambiente escolar. Durante a audiência pública realizada nesta terça-feira (15), foram debatidos caminhos para diminuir os índices de violência registrados nos últimos anos.

Uma pesquisa realizada pela Unicamp revelou que, dos 33 ataques a escolas brasileiras ocorridos nos últimos 23 anos, 18 deles aconteceram em 2022 e 2023. A coordenadora da pesquisa, Telma Vinha, chamou a atenção para o perfil dos perpetradores desses crimes. Segundo ela, são adolescentes usuários de uma cultura extremista que se articulam em servidores e comunidades online que incentivam a violência. Anteriormente, essas articulações ocorriam principalmente na deepweb, mas atualmente estão mais presentes na superfície da internet, tanto em perfis abertos quanto em comunidades e servidores que requerem links para ingresso.

Emmanuel Cavalcanti, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) na audiência e psiquiatra, ressaltou a importância de as famílias estarem atentas aos primeiros sinais de que a saúde mental dos estudantes está em risco. Segundo ele, muitas vezes os riscos são relativizados nas primeiras manifestações, o que requer uma ênfase nas campanhas de saúde pública para uma intervenção imediata e prevenção do agravamento da doença.

Pedro Bicalho, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), cobrou o cumprimento da Lei 13.935/19, que estabelece a presença de profissionais de psicologia e serviço social na educação básica brasileira. Segundo Bicalho, passaram-se quatro anos desde a implementação da lei e apenas 85 dos 5 mil municípios brasileiros estão cumprindo-a.

O GT responsável pela política de combate à violência no ambiente escolar está visitando escolas que foram vítimas de ataques nos últimos anos. Para a relatora do grupo, deputada Luisa Canziani (PSD-PR), é necessário buscar soluções provenientes de diversas áreas para resolver essa questão e garantir um ambiente mais seguro para a comunidade escolar.

“Ao exercermos o espírito de liderança na escuta, podemos compreender os desafios e traumas e não oferecer apenas uma resposta, pois há várias respostas e saídas que precisamos encontrar e que envolvem diferentes áreas”, afirmou Canziani.

Essa audiência pública e as discussões realizadas são de extrema importância para promover medidas efetivas e preventivas no combate à violência nas escolas brasileiras. A saúde mental dos estudantes e a segurança no ambiente escolar devem ser prioridades, e é essencial que haja um trabalho conjunto envolvendo especialistas, famílias, escolas e as autoridades competentes para enfrentar esse problema.

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