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Hoje, o hacker envolvido no caso Vaza Jato retorna para dar seu depoimento às autoridades da Polícia Federal.

Nesta quarta-feira (16), Walter Delgatti, conhecido como o hacker da Vaza Jato, está prestando depoimento à Polícia Federal (PF) em Brasília. Suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir falsos documentos e alvarás de soltura no Banco Nacional de Mandados de Prisão, Delgatti estava preso em Araraquara (SP) desde o dia 2 de setembro e foi transferido hoje para a capital federal.

O advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, solicitou que o hacker retorne a Araraquara após o depoimento, pois há a possibilidade de ele ser mantido em Brasília, à disposição da Justiça. Além disso, Delgatti foi convocado para prestar depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que ocorrerá amanhã (17). No entanto, o advogado não respondeu se seu cliente responderá às perguntas ou permanecerá em silêncio durante o depoimento.

A prisão de Delgatti ocorreu no âmbito da Operação 3FA, que investiga a invasão aos sistemas do CNJ. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a ação policial e também incluiu a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) como alvo da investigação.

Em um primeiro depoimento, Delgatti admitiu ter invadido o sistema do CNJ e de tribunais regionais de Justiça, inserindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e alvarás de soltura de presos. O hacker alegou ter agido a pedido da deputada Carla Zambelli, com o objetivo de desacreditar o Poder Judiciário. No entanto, Zambelli negou ter pedido ou pago o hacker para realizar tal ação.

Carla Zambelli também chamou a imprensa para esclarecer sua relação com Delgatti. Ela admitiu ter pago R$ 3 mil ao hacker para melhorar seu site e redes sociais. Zambelli afirmou que conheceu Delgatti saindo de um hotel e o apresentou ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, a deputada afirmou que não houve um acordo fechado entre o hacker e o PL.

As investigações referentes aos supostos crimes de invasão do sistema do CNJ estão sendo conduzidas no STF, devido à inclusão da deputada Carla Zambelli, que tem foro privilegiado. Delgatti também responde a outro processo na Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e de outras autoridades. Essa ação levou o hacker à prisão pela primeira vez em 2019.

Esta é a terceira vez que Delgatti é preso. A segunda detenção ocorreu em junho deste ano por descumprimento de medidas judiciais, e somente em julho a Justiça autorizou sua soltura com o uso de tornozeleira eletrônica. Já a terceira prisão ocorreu em 2 de agosto, durante a Operação 3FA.

As informações obtidas ilegalmente dos celulares, como as trocas de mensagens entre Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, deram origem à Operação Vaza Jato, que expôs os bastidores da Operação Lava Jato. Essa divulgação reforçou os argumentos dos críticos que acusavam o Poder Judiciário de vazar informações seletivamente, violar o devido processo legal, a imparcialidade e abusar das prisões preventivas para forçar acordos de delação premiada.

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